São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 1998.



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AS ELEITAS Gosto de Clinton o nivela ao homem comum


Associated Press
Gennifer Flowers, que diz ter tido romance com Clinton, manda beijo para o apresentador Larry King


de Washington

Pode ser que Bill Clinton venha a escapar das acusações de falso testemunho, constrangimento ilegal, obstrução da Justiça, financiamento ilegal de campanhas, fraude financeira, sonegação de Imposto de Renda, adultério e outros crimes e contravenções que lhe são atribuídos por inimigos e promotores.
Mas vai ser difícil que ele não seja condenado por mau gosto na escolha dos atributos físicos de suas mulheres.
Com a possível exceção da titular, Hillary, suas outras supostas amantes conhecidas dificilmente seriam consideradas bonitas por um público mais sofisticado.
O que Gennifer Flowers, Paula Jones e Monica Lewinsky têm em comum é um ar de indiscutível vulgaridade: nos penteados, nas roupas e na expressão facial.
Não que sejam horrorosamente feias. Mas todas aparentam um voluntarismo físico, alguma coisa na linha de Lana Turner, Ava Gardner, Elizabeth Taylor, Jayne Mansfield, todas muito mais bonitas do que as "garotas de Clinton", é claro, que tem fãs certos nos EUA.
É provável que seu modelo de beleza seja sincero, não premeditado.
Não é possível que Clinton seja tão maquiavélico que tenha imaginado poder se mostrar igual ao norte-americano comum até na escolha das mulheres. Porque, provavelmente, ele não contava ver seus casos revelados.
Talvez até esse modelo seja de alguma forma decorrente da imagem da mãe, Virginia Kelly, uma mulher exuberante, cheia de um entusiasmo legítimo pela vida, que não vacilava, mesmo ao final da vida e com o filho na Casa Branca, em usar maquiagem muito exagerada no rosto, enormes cílios postiços e o cabelo armado, cheio de laquê e ostensivamente pintado.
Mas, em todo o caso, o fato é que as preferências estéticas femininas do presidente são muito representativas do homem branco médio típico dos EUA, o que, afinal de contas, é o que Clinton é.
Quem folhear as revistas masculinas desse país verá mulheres muito parecidas com Jones e Flowers. De Lewinsky sabe-se menos, e sua vulgaridade parece diferente da das outras. Ela está mais no estereótipo da colegial sensual do que no de garota de programas clássica, como Flowers e Jones.
Ela é também a única que vem de um estrato social superior, mas só em termos financeiros, porque a marca da vulgaridade também está estampada nela, não só no rosto, mas na história familiar.
A mãe de Lewinsky, Marcia Lewis, ganha muito dinheiro com livros de fofocas, como um sobre os três tenores (Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras) no qual sugere, sem consubstanciar, que ela foi "mais do que amiga" dos três nos anos 80 e se descreve como "uma glamourosa repórter de Beverly Hills".
Quando esteve às voltas com o caso de Gennifer Flowers, Clinton intuitivamente se retratou como um sujeito que, tudo bem, gosta de sexo, mas sabe que há coisas mais importantes a serem feitas na vida e as faz. O argumento deu certo. Mas se esgotou. (CELS)



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