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Reunião em Montréal será teste de poder
Brasil e EUA disputarão protagonismo em encontro hoje sobre a reconstrução do Haiti; Canadá também pressiona
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A MONTRÉAL
Mais de duas dezenas de países e entidades multinacionais
se reúnem hoje em Montréal,
no Canadá, para coordenar os
esforços de ajuda internacional
ao Haiti e para mais uma vez
tentar definir o papel dos principais atores na reconstrução
do país. A expectativa principal
é quanto à atuação da representante americana, a secretária
de Estado Hillary Clinton, e do
enviado brasileiro, o chanceler
Celso Amorim.
Com o agravamento da incapacidade do governo haitiano
de comandar a situação e a
atuação tímida da Organização
dos Estados Americanos (OEA)
até agora, os dois países disputam o protagonismo das ações.
Clinton chega amparada pela
superioridade econômica e militar; Amorim, pelo apoio da
ONU, fruto do comando militar
do país na Minustah, força de
paz em ação no Haiti.
Anteontem, em Porto Príncipe, indagado sobre a proposta
do FMI de fazer para o Haiti
um novo plano Marshall, principal esforço de reconstrução
de países europeus destruídos
na Segunda Guerra comandado
pelos EUA, Amorim ofereceu
no lugar um "plano Lula": "Não
é só quem dá mais dinheiro, é
quem está mais empenhado".
Na véspera, o Pentágono
confirmara que sua presença
militar dos EUA no Haiti hoje
passa dos 20 mil homens. No
mesmo dia, o secretário assistente para assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Arturo Valenzuela, rebateu a noção de
que Washington realizava uma
"ocupação" do país.
"O Haiti é um país soberano,
todo mundo respeita isso, os
EUA também", disse. "Estamos
lá porque os haitianos nos convidaram e temos uma obrigação moral".
Em Montréal, haverá um terceiro complicador: cresce a
pressão interna no Canadá para que o país encorpe sua atuação na reconstrução do Haiti.
Segundo principal destino da
diáspora haitiana, atrás apenas
de EUA e à frente da França, o
Canadá estuda aumentar o envio de soldados e dinheiro.
Segundo disse ontem o chanceler canadense, Lawrence
Cannon, a reunião servirá para
definir quais os "primeiros passos críticos" para a recuperação
a longo prazo. Ele confirmou a
participação do premiê haitiano, Jean-Max Bellerive.
Participarão do encontro a
portas fechadas o Comitê Internacional da Cruz Vermelha,
o Grupo de Amigos do Haiti
(Brasil, Argentina, Canadá,
Chile, Costa Rica, EUA, França,
México, Peru e Uruguai), parceiros-chave (Espanha, Japão e
União Europeia), a vizinha República Dominicana e ONU,
OEA, Caricom (Comunidade
do Caribe), FMI e outros.
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