São Paulo, segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

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Reunião em Montréal será teste de poder

Brasil e EUA disputarão protagonismo em encontro hoje sobre a reconstrução do Haiti; Canadá também pressiona

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A MONTRÉAL

Mais de duas dezenas de países e entidades multinacionais se reúnem hoje em Montréal, no Canadá, para coordenar os esforços de ajuda internacional ao Haiti e para mais uma vez tentar definir o papel dos principais atores na reconstrução do país. A expectativa principal é quanto à atuação da representante americana, a secretária de Estado Hillary Clinton, e do enviado brasileiro, o chanceler Celso Amorim.
Com o agravamento da incapacidade do governo haitiano de comandar a situação e a atuação tímida da Organização dos Estados Americanos (OEA) até agora, os dois países disputam o protagonismo das ações. Clinton chega amparada pela superioridade econômica e militar; Amorim, pelo apoio da ONU, fruto do comando militar do país na Minustah, força de paz em ação no Haiti.
Anteontem, em Porto Príncipe, indagado sobre a proposta do FMI de fazer para o Haiti um novo plano Marshall, principal esforço de reconstrução de países europeus destruídos na Segunda Guerra comandado pelos EUA, Amorim ofereceu no lugar um "plano Lula": "Não é só quem dá mais dinheiro, é quem está mais empenhado".
Na véspera, o Pentágono confirmara que sua presença militar dos EUA no Haiti hoje passa dos 20 mil homens. No mesmo dia, o secretário assistente para assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Arturo Valenzuela, rebateu a noção de que Washington realizava uma "ocupação" do país.
"O Haiti é um país soberano, todo mundo respeita isso, os EUA também", disse. "Estamos lá porque os haitianos nos convidaram e temos uma obrigação moral".
Em Montréal, haverá um terceiro complicador: cresce a pressão interna no Canadá para que o país encorpe sua atuação na reconstrução do Haiti. Segundo principal destino da diáspora haitiana, atrás apenas de EUA e à frente da França, o Canadá estuda aumentar o envio de soldados e dinheiro.
Segundo disse ontem o chanceler canadense, Lawrence Cannon, a reunião servirá para definir quais os "primeiros passos críticos" para a recuperação a longo prazo. Ele confirmou a participação do premiê haitiano, Jean-Max Bellerive.
Participarão do encontro a portas fechadas o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, o Grupo de Amigos do Haiti (Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Costa Rica, EUA, França, México, Peru e Uruguai), parceiros-chave (Espanha, Japão e União Europeia), a vizinha República Dominicana e ONU, OEA, Caricom (Comunidade do Caribe), FMI e outros.


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