São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

Moderno e acolhedor, alvo de atentado tem valor simbólico

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


Independentemente da autoria do atentado de ontem, que será atribuída a terroristas do Cáucaso seja isso verdade ou não, uma coisa é certa: o responsável fez uma escolha simbólica pensada ao eleger o aeroporto Domodedovo como alvo.
O aeroporto é o mais moderno dos três que servem a capital russa, e o maior do país. Ao longo dos anos, suplantou Sheremetievo como destino principal de grandes empresas estrangeiras na Rússia, além de servir de base para a mais dinâmica companhia aérea local, a S7.
Tem um terminal mais acolhedor do que os rivais. A maior crítica decorre da grande distância do centro da capital.
Ao atacar Domodedovo, o terrorista visou amplificar sua ação no exterior e desmoralizar as autoridades russas. Em 2004, duas mulheres-bomba tchetchenas embarcaram em voos distintos partindo deste mesmo aeroporto, após terem sido liberadas pela polícia. Noventa pessoas morreram.
Desde então, a segurança havia sido reforçada. Passageiros em voos domésticos chegaram a passar sua bagagem por um raio-X não só para embarcar, mas também para sair do terminal.
Com efeito, o grande ataque terrorista recente em Moscou ocorreu em seu vasto metrô, no ano passado. O policiamento no transporte mais usado pelos moscovitas é intenso, mas é muito mais difícil vigiar trens e túneis do que um terminal aéreo.
A responsabilidade recairá sobre alguma das regiões conturbadas do norte do Cáucaso russo. Após o fim da União Soviética, em 1991, o separatismo chegou às áreas de maioria muçulmana como a Tchetchênia.
A reação de Moscou levou a duas guerras, e a segunda delas ajudou a eleger Vladimir Putin em 2000. No meio tempo, o vírus do terror fundamentalista se instalou, fornecendo gente disposta a cometer atos como o de ontem.
Novamente o mundo foi lembrado de que, apesar do discurso triunfalista do Kremlin, o Cáucaso está longe de ser questão resolvida.


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