São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2011

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Hizbollah banca magnata como premiê

Empresário das comunicações Najib Mikati é favorito para comandar Líbano, após receber apoio do grupo xiita

Articulação aumenta o poder da milícia, que conta com o apoio do Irã; resultado é um forte revés para Israel e EUA

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A coalizão política liderada pelo Hizbollah obteve ontem apoio suficiente para indicar o novo premiê do Líbano, apenas 12 dias após desfazer o governo ao anunciar sua saída do gabinete liderado por forças pró-Ocidente.
O escolhido deverá ser o pouco expressivo magnata das telecomunicações Najib Mikati, que até ontem era visto como uma figura neutra na conturbada política local.
A articulação representa importante revés para Israel e os EUA, que veem o Hizbollah como organização terrorista e é uma grande vitória para o regime do Irã, principal patrocinador do grupo.
O Hizbollah, misto de partido e milícia xiita cujo poder de fogo é considerado maior do que o das próprias Forças Armadas do Líbano, consolida a posição de principal força política do país.
O atual premiê, Saad Hariri, já disse que rejeita integrar gabinete dominado pelo Hizbollah. E seus aliados acusaram o grupo de promover um golpe que tornará o Líbano um protetorado iraniano.
Partidários do atual premiê promoveram manifestações em várias cidades, bloquearam vias e convocaram para hoje um "dia de fúria".
Os EUA disseram que a ajuda prestada ao Líbano pode ser prejudicada com o Hizbollah no poder. E no fim de semana Israel -que travou uma guerra com o grupo em 2006- alertara para um "governo iraniano" no vizinho.
A maioria de 65 cadeiras no Parlamento libanês, que tem 128 assentos, foi obtida após o anúncio de apoio do líder druso Walid Jumblatt, cujo bloco tem seis assentos.

NOVO PREMIÊ
Ontem, o presidente Michel Suleiman deu início às consultas para indicar o premiê. E a expectativa era de que Mikati fosse convidado hoje a formar o governo.
Formado em Harvard, Mikati -sunita, como determina a política libanesa- tem fortuna estimada em US$ 2,5 bilhões e foi premiê por curto período em 2005, depois de a morte do ex-premiê Rafik Hariri levar à saída da Síria.
Além da proximidade com o Hizbollah, Mikati tem boas relações com Saad Hariri.
A sua escolha para premiê pelo Hizbollah, que poderia ter indicado um nome ainda mais alinhado ao grupo xiita, obriga Hariri ao constrangimento de recusar um ex-aliado e ainda arcar com o ônus de refutar a oferta de participação em governo de união.
Analistas esperam que uma das primeiras medidas do novo governo seja o rompimento com o tribunal que investiga o atentado que matou o ex-premiê Rafik Hariri, pai de Saad, há seis anos.
A resistência de Saad Hariri em fazê-lo foi o que precipitou a saída do Hizbollah do governo, no último dia 12.
É considerado certo que o tribunal especial da ONU indicie membros do Hizbollah por participação no ataque.


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