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"Para americano moral é questão pessoal'
Luc Lamprière
do "Libération", em Nova York
O sociólogo Alan Wolfe é o autor
de um vasto estudo consagrado
aos valores morais da classe média
norte-americana, "The Middle
Class Morality Project".
No ano passado, Wolfe publicou
o livro "One Nation, After All" (Viking/Penguin), realizado a partir
de cerca de 200 entrevistas efetuadas nos subúrbios de quatro cidades dos EUA (Atlanta, San Diego,
Tulsa e Boston) com cidadãos representativos da classe média.
Sua conclusão: os norte-americanos partilham um profundo respeito pela liberdade moral, são extremamente pragmáticos em suas
convicções e recusam erigir-se em
juízes de seus contemporâneos.
Essa tolerância explicaria as reações diante do caso Lewinsky.
Pergunta - A que conclusões o sr.
chegou sobre os americanos?
Alan Wolfe - Antes que viesse à
tona o escândalo, o sentimento geral era de que, se o presidente dos
EUA tivesse uma ligação extraconjugal e mentisse a respeito, isso seria o fim de sua carreira política.
Ora, nada disso aconteceu.
Pergunta - Mas seu estudo já previa essa reação...
Wolfe - As pessoas que entrevistamos pertencem à classe média
dos subúrbios. Elas são mais conservadoras politicamente e, com
frequência, muito religiosas. Mas a
religião para elas é privada e pessoal, e não desejam vê-la politizada! É por isso que os americanos se
recusam a fazer um julgamento
político negativo de Clinton.
Pergunta - E qual a explicação?
Wolfe - De um lado, pela herança
das contracultura dos anos 60, que
diz que você pode levar a vida segundo seus próprios princípios.
De outro, pela influência da "corporate culture" (a cultura transmitida pela sociedade de consumo),
que afirma responder às escolhas
dos consumidores sem julgá-las.
Pergunta - Mas o zelo dos republicanos em perseguir Clinton é
descrito como reação aos anos 60,
de que ele seria um símbolo.
Wolfe - Os republicanos travam
uma batalha perdida. Se continuarem, será impossível a eles dispor
de uma grande base nacional para
ganhar um eleição presidencial. Se
você deseja a maioria nos EUA, você tem que ser mais moderado.
²
Tradução de
Marcos Flamínio Peres.
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