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"Descocainização" é feita desde 1903
DA REDAÇÃO
A Coca-Cola, produto que detém mais de metade do mercado
mundial de refrigerantes e é consumido em mais de 200 países,
nasceu em 1886 com uma fórmula
baseada em dois elementos celebrados na época por suas supostas qualidades terapêuticas: a coca, planta originária dos países
andinos da qual se extrai o alcalóide cocaína, e a noz de cola, encontrada em países africanos, cujo ingrediente ativo é a cafeína.
Para alguém consumir um grama de cocaína tomando Coca-Cola, teria de tomar talvez algumas dezenas de garrafas do refrigerante. Mesmo assim, a empresa
começou a sofrer pressões, a partir do fim do século 19, quando se
tornaram conhecidos os malefícios da droga -legal à época.
Em 1903, o então proprietário
da empresa, Asa Candler, procurou o químico alemão Louis
Schaefer para que ele produzisse
um composto de coca totalmente
livre de cocaína. Desde então, a
mesma fábrica, hoje chamada
Stepan Company, produz para a
Coca-Cola o extrato aromatizante
de folhas de coca utilizado na fórmula do refrigerante.
Com todos os problemas envolvidos na utilização de um produto
cujo uso é controlado e relacionado à produção de drogas, por que
a Coca-Cola continua utilizando
hoje em sua fórmula um extrato
de folhas de coca?
A companhia não comenta o assunto -nem mesmo confirma
oficialmente o uso de coca em sua
fórmula-, mas o livro "Secret
Formula" (fórmula secreta), do
jornalista Frederick Allen, lançado em 1995, dá uma pista:
"Candler acreditava que o nome
de seu produto deveria ser descritivo e que deveria ter pelo menos
um pouco do produto de folhas
de coca no xarope (junto com um
pouco de cola), para proteger seu
direito ao nome Coca-Cola. A
proteção ao nome era o ponto crítico", relata o autor.
"Candler não tinha patente sobre o próprio xarope. Qualquer
um poderia produzir uma imitação. Mas ninguém poderia colocar a marca "Coca-Cola" numa
imitação enquanto Candler possuísse o nome. O nome era o item
de real valor, e a marca registrada
era sua única salvaguarda. As folhas de coca precisavam ser mantidas no xarope."
Em outra passagem, que relata
um episódio ocorrido em 1930,
quando a empresa voltou a sofrer
pressões, Allen escreveu: "Desistir
(da coca) significaria mudar a fórmula secreta, e isso era inaceitável. A questão era a mística da Coca-Cola, o culto à fórmula. Se soubessem que a coca foi abandonada, as pessoas poderiam pensar
que sentiram uma diferença, e isso poderia ser ruinoso".
(RW)
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