São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Powell faz oferta para Zapatero manter tropas

DO COLUNISTA DA FOLHA, EM MADRI

O secretário de Estado americano, Colin Powell, manifestou ontem a vontade de seu governo de negociar, na ONU, uma nova resolução sobre o Iraque, pela qual o organismo desempenharia um novo e mais importante papel.
A oferta foi feita ontem à tarde, em encontro de 15 minutos que Powell manteve com o futuro premiê espanhol, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero. Uma nova resolução e um novo papel para a ONU no Iraque são condições essenciais para que Zapatero mantenha no Iraque os 1.412 soldados espanhóis que lá estão.
O governo americano corre o risco de ficar isolado se Zapatero mantiver a sua disposição (aliás, promessa de campanha) de chamar os soldados de volta no dia 30 de junho, quando a Autoridade Provisória da Coalizão, organizada pelos EUA, entregará o poder a um governo interino, não eleito.

Reunião urgente
Powell não adiantou a fórmula exata para a nova resolução, mas pediu uma reunião urgente com Miguel Ángel Moratinos, que Zapatero terá como seu chanceler.
A retirada das tropas espanholas foi anunciada diretamente a dois outros aliados americanos no Iraque: os premiês Tony Blair (Reino Unido) e Leszek Miller (Polônia). Os dois, como Powell, estiveram ontem em Madri para o funeral de Estado para as 190 vítimas dos atentados do dia 11.
Blair aceitou a posição do futuro colega espanhol: "[Blair] entende que, seja qual for a evolução da situação no Iraque, Zapatero tem o respaldo do povo espanhol", disse um porta-voz britânico.
Além deles, estiveram com Zapatero o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, e os presidentes Jacques Chirac (França) e Jorge Sampaio (Portugal).

Combate ao terror
Em todos os encontros, a mensagem de Zapatero foi parecida: primeiro, a reafirmação sobre a retirada das tropas, acompanhada da afirmação de que a decisão nada tem a ver com os atentados. Foi promessa de campanha.
Depois, outra reafirmação: a de que seu governo continuará comprometido com o combate ao terrorismo, promessa feita, de resto, no discurso da vitória eleitoral, no dia 14. Moratinos, ao relatar os encontros, fez questão de lembrar que os socialistas haviam apoiado a invasão do Afeganistão.
Zapatero, segundo a versão de Moratinos, também reafirmou o compromisso de ter uma política exterior profundamente europeísta, ao contrário do atual premiê, José María Aznar, aliado incondicional dos EUA. (CR)


Texto Anterior: Zapatero nega vitória da Al Qaeda
Próximo Texto: Demografia: Maioria viverá em cidades em 2007, diz ONU
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.