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Powell faz oferta para Zapatero manter tropas
DO COLUNISTA DA FOLHA, EM MADRI
O secretário de Estado americano, Colin Powell, manifestou ontem a vontade de seu governo de
negociar, na ONU, uma nova resolução sobre o Iraque, pela qual
o organismo desempenharia um
novo e mais importante papel.
A oferta foi feita ontem à tarde,
em encontro de 15 minutos que
Powell manteve com o futuro premiê espanhol, o socialista José
Luis Rodríguez Zapatero. Uma
nova resolução e um novo papel
para a ONU no Iraque são condições essenciais para que Zapatero
mantenha no Iraque os 1.412 soldados espanhóis que lá estão.
O governo americano corre o
risco de ficar isolado se Zapatero
mantiver a sua disposição (aliás,
promessa de campanha) de chamar os soldados de volta no dia 30
de junho, quando a Autoridade
Provisória da Coalizão, organizada pelos EUA, entregará o poder a
um governo interino, não eleito.
Reunião urgente
Powell não adiantou a fórmula
exata para a nova resolução, mas
pediu uma reunião urgente com
Miguel Ángel Moratinos, que Zapatero terá como seu chanceler.
A retirada das tropas espanholas foi anunciada diretamente a
dois outros aliados americanos
no Iraque: os premiês Tony Blair
(Reino Unido) e Leszek Miller
(Polônia). Os dois, como Powell,
estiveram ontem em Madri para o
funeral de Estado para as 190 vítimas dos atentados do dia 11.
Blair aceitou a posição do futuro
colega espanhol: "[Blair] entende
que, seja qual for a evolução da situação no Iraque, Zapatero tem o
respaldo do povo espanhol", disse
um porta-voz britânico.
Além deles, estiveram com Zapatero o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, e os presidentes Jacques Chirac (França)
e Jorge Sampaio (Portugal).
Combate ao terror
Em todos os encontros, a mensagem de Zapatero foi parecida:
primeiro, a reafirmação sobre a
retirada das tropas, acompanhada da afirmação de que a decisão
nada tem a ver com os atentados.
Foi promessa de campanha.
Depois, outra reafirmação: a de
que seu governo continuará comprometido com o combate ao terrorismo, promessa feita, de resto,
no discurso da vitória eleitoral, no
dia 14. Moratinos, ao relatar os encontros, fez questão de lembrar
que os socialistas haviam apoiado
a invasão do Afeganistão.
Zapatero, segundo a versão de
Moratinos, também reafirmou o
compromisso de ter uma política
exterior profundamente europeísta, ao contrário do atual premiê, José María Aznar, aliado incondicional dos EUA.
(CR)
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