São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REAÇÃO CRÍTICA
Presidente Ieltsin diz que ataques à Iugoslávia representam "ato de agressão contra um Estado soberano"
Rússia ameaça tomar "medidas militares"

das agências internacionais


A Rússia condenou os ataques à Iugoslávia e disse que tem o direito de "tomar medidas adequadas, inclusive militares, para garantir sua própria segurança e a da Europa", caso o conflito se alastre. Antes do ataque, pediu que o mundo detivesse o presidente americano, Bill Clinton.
O presidente russo, Boris Ieltsin, classificou os bombardeios como um "ato de agressão contra um Estado soberano" e se disse "profundamente chocado".
Em pronunciamento logo depois do início do ataque, Ieltsin convocou uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU, para "exigir o fim imediato" dos bombardeios. Ele argumenta que o uso da força contra a Iugoslávia é ilegal, pois não tem autorização.
"Não há nenhuma decisão do Conselho de Segurança da ONU que permita à Otan realizar uma operação militar como essa. Isso pode ter consequências graves", afirmou.
O presidente russo anunciou a suspensão da cooperação com a Otan (aliança militar ocidental, liderada pelos EUA) no programa Parceria para a Paz e das negociações para a abertura de uma missão militar da Otan em Moscou.
Para ele, os ataques seriam "uma tentativa da Otan de se transformar na polícia do mundo. A Rússia nunca aceitará isso".
"Aqueles que promoveram essa aventura assumem toda a responsabilidade, ante o povo e ante a comunidade internacional, pelas gravíssimas consequências para a estabilidade internacional", disse.
Moscou declarou que analisava outros "passos diplomáticos" para responder à decisão da Otan.
O líder do Partido Comunista da Rússia, Guennadi Ziuganov, disse que "os EUA estão tomando o mesmo caminho adotado pela Alemanha nazista".
Antes do início do ataque, Ieltsin disse que era "preciso fazer tudo para deter o presidente Clinton".
Segundo Ieltsin, o presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, é um "interlocutor difícil", mas o Ocidente deveria se reunir com ele "20 vezes", para evitar os bombardeios e salvar vidas.
As relações entre Washington e Moscou vinham esfriando nos últimos dias por causa da crise de Kosovo. Anteontem, o premiê russo, Ievguêni Primakov, cancelou uma visita oficial aos EUA, em protesto contra a possibilidade de uma ação da Otan (confirmada hoje). Seu avião estava sobrevoando o oceano Atlântico.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, James Rubin, reconheceu que existem divergências entre esses países. Segundo ele, no entanto, as relações estão firmes.


Texto Anterior: Otan ataca sem a autorização da ONU
Próximo Texto: Repercussão
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.