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IRAQUE OCUPADO
Ele é a mais importante autoridade sob a custódia dos EUA; rendição pode ter sido negociada com americanos
Aziz, vice-premiê de Saddam, é preso
DA REDAÇÃO
Tariq Aziz, vice-premiê do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, foi detido ontem por forças
americanas em Bagdá. Ele se entregou a militares dos EUA, segundo autoridades do Pentágono.
Até agora, Aziz, 67, é o mais importante integrante do regime deposto detido desde o início da
ofensiva da coalizão anglo-americana, em 20 de março.
A informação foi confirmada
pelo Comando Central dos EUA
no Qatar. "Aziz está sob a nossa
custódia", disse o porta-voz da
Força Aérea, Dani Burrows.
Outra autoridade americana,
que preferiu não se identificar,
acrescentou que Aziz, uma das
pessoas mais próximas a Saddam
por muitos anos, "se entregou"
aos militares dos EUA.
Questionado sobre a prisão de
Aziz, o presidente George W.
Bush deu um sorriso, mas preferiu não fazer comentários.
O governo americano ainda não
esclareceu o que pretende fazer
com os integrantes do alto escalão
do governo iraquiano deposto
que estão presos. Não está definido, por exemplo, se eles serão julgados por crimes de guerra ou crimes contra a humanidade e qual
seria o formato dos julgamentos.
Até agora, já foram detidas 12
importantes autoridades do regime de Saddam. Além deles, Ali
Hassan al Majid, o "Ali Químico",
teria sido morto em Basra (sul do
Iraque). Ele era primo e um dos
principais homens de confiança
do ditador deposto.
O vice-premiê era a 43ª carta do
baralho com os rostos das autoridades do regime deposto distribuído pelos EUA aos militares
americanos que estão no Iraque .
A carta de Aziz era o oito de espadas. O número 43 não significa
que ele seja o 43º da lista.
Aziz era uma das figuras mais
próximas a Saddam. Ele era a face
externa do regime e um de seus
membros mais moderados. Apesar de bastante conhecido no exterior, analistas afirmam que ele
não tinha grande força internamente por ser cristão e por não ser
da região natal de Saddam, Tikrit,
ao norte de Bagdá. Os principais
membros do regime ainda estão
soltos, como o próprio Saddam,
seus filhos Uday e Qusay, o vice-presidente Taha Yassin Ramadhan e o chanceler Naji Sabri.
No atual conflito, Aziz apareceu
apenas uma vez desde o início dos
bombardeios, no dia 20 de março.
Ele concedeu entrevista a jornalistas estrangeiros em Bagdá para
negar rumores de que teria se exilado na Síria.
Desde então, não fez mais aparições públicas. Sua casa foi bombardeada por aviões americanos.
Após a queda do regime, sua residência foi saqueada.
A rede de TV CNN não descartava ontem a possibilidade de que
Aziz tenha se entregado para negociar uma possível rendição de
Saddam. Outra possibilidade é a
de que o ex-vice-premiê tenha negociado a sua própria rendição
em troca de informações sobre o
paradeiro de Saddam.
Bush disse ontem que Saddam
pode estar morto. "Há evidências
indicando que ele possa estar
morto. Mas jamais faríamos essa
declaração até termos mais certeza", disse o presidente em entrevista para a rede de TV americana
NBC. "No mínimo, ele está gravemente ferido",
Inicialmente, foram divulgadas
informações de que ele teria fugido para a Síria, mas não houve
confirmação. A Síria nega.
Ahmed Chalabi, líder do Congresso Nacional Iraquiano (grupo
de oposição), diz que o ditador
ainda deve estar escondido no território iraquiano. O governo britânico também crê na hipótese.
Aziz disse certa vez que, aos 67
anos, já estava velho para querer
viver dois ou três anos mais. Segundo o então vice-premiê, seria
melhor morrer do que ir para
Guantánamo (Cuba) como prisioneiro americano. Os EUA acreditam que prisões como a de Aziz
possam ajudar a esclarecer diversos pontos do regime de Saddam.
Com agências internacionais
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