UOL


São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PERFIL

Tariq Aziz era "voz" do Iraque para o mundo

DA REDAÇÃO

Tariq Aziz desempenhou o papel de diplomata em momentos-chave. Vice-premiê do Iraque no governo de Saddam Hussein, ele é uma das figuras iraquianas mais conhecidas no mundo. Como chanceler iraquiano durante a Guerra do Golfo (91), tornou-se o porta-voz do governo de Bagdá e uma figura imediatamente reconhecível na imprensa ocidental. Nesse papel, o ajudavam seu exímio domínio do inglês e sua fachada de moderado em relação a Saddam.
Cristão, o que é pouco comum entre os altos representantes iraquianos, Aziz não tem ligações com o clã Tikriti, da região natal de Saddam. Seu vínculo com o ex-ditador data do fim dos anos 1950, quando ambos entraram para o partido socialista Baath.
Aziz nasceu em 1936 como Michael Yuhanna (o atual nome, que significa "passado glorioso", foi adotado mais tarde), perto de Mossul, no norte do Iraque. Sua família era humilde, e seu pai trabalhava como garçom. Quando jovem, ele estudou literatura inglesa em universidade de Bagdá, antes de fazer carreira no jornalismo e tornar-se editor do principal jornal do Baath. Isso o ajudou em seu primeiro cargo no gabinete, no final dos anos 1970, quando se tornou ministro da Informação. Em 1977, chegou ao Conselho de Comando da Revolução, o alto comitê do Baath que governava o país.
Marcou a história recente iraquiana ao garantir o apoio dos EUA ao Iraque em sua guerra de oito anos contra o Irã, nos anos 1980, e forjar laços econômicos fortes com a então União Soviética.
Foi após um encontro seu com o presidente Ronald Reagan (1981-1989) na Casa Branca que o Iraque e os EUA retomaram seus laços diplomáticos, em 1984.
Após a invasão do Kuait, em 1990, e a guerra que a seguiu, Aziz ganhou destaque na imprensa mundial ao embarcar numa rodada de visitas a capitais estrangeiras para angariar apoio a Bagdá.
Pouco antes do início das hostilidades, numa reunião com o então secretário de Estado dos EUA, James Baker, em Genebra, Aziz se recusou a aceitar uma carta do presidente George Bush (1989-1993) a Saddam Hussein, num gesto que ficou famoso e que assinalou a inevitabilidade da ação militar.
Em seu país, Aziz já sobreviveu a reviravoltas e dificuldades, desde os expurgos políticos de Saddam Hussein até uma tentativa de assassinato em 1980 por radicais apoiados pelo Irã. Algumas fontes dizem que o próprio Saddam matou membros de sua família próxima.
De acordo com quem o conhece, Tariq Aziz é calmo, cortês e falante. Os charutos, que viraram sua marca registrada, aliados aos óculos e ao bigode, já motivaram algumas comparações de sua aparência com a do humorista Groucho Marx. Mas essa imagem esconde os nervos de aço e a grande habilidade política que lhe possibilitaram sobreviver no Iraque de Saddam Hussein.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Iraque ocupado: Aziz, vice-premiê de Saddam, é preso
Próximo Texto: Bush admite que armas proibidas do Iraque podem ter sido destruídas
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.