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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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"EIXO DO MAL"

Segundo funcionários do governo dos EUA, Pyongyang teria afirmado em reunião que possui bombas atômicas

Coréia do Norte diz ter armas nucleares

DA REDAÇÃO

A Coréia do Norte afirmou aos EUA durante reuniões em Pequim nesta semana que tem armas nucleares e que a decisão de testá-las, exportá-las ou usá-las dependerá das ações de Washington, disseram ontem funcionários do governo americano.
Segundo um alto funcionário dos EUA que não quis se identificar, a afirmação foi feita pelo delegado norte-coreano às reuniões na China, Ri Gun, ao subsecretário de Estado dos EUA James Kelly em um evento social anteontem. Kelly não teria respondido ao comentário de Ri.
A fonte afirmou ainda que Ri afirmara mais cedo que a Coréia do Norte reprocessou todas as 8.000 varetas usadas de combustível nuclear que possuía. Se isso for verdade, a Coréia do Norte poderia estar muito próxima de produzir seis ou oito novas armas nucleares, além das duas que a CIA acredita que o país já tenha.
Segundo a fonte, avaliações da CIA indicam que o reprocessamento ainda não começou. A discrepância, afirmou, sugere que ou Ri está mentindo ou a CIA subestimou enormemente Pyongyang.
O caso pode aumentar dramaticamente as tensões na península Coreana e na Ásia por causa da possibilidade de a Coréia do Norte usar armas nucleares para ameaçar a Coréia do Sul, o Japão, a China e outros países.
Outra fonte do governo americano disse, contudo, que relatos na imprensa de que a Coréia do Norte teria ameaçado testar armas nucleares eram exagerados. "Eles nunca usaram a palavra teste -ainda estamos traduzindo [as declarações], mas elas estão sendo um pouco exageradas."
A admissão ocorreu durante reuniões em Pequim entre funcionários dos governos dos EUA, da Coréia do Norte e da China em Pequim. Washington esperava que elas pudessem ser um primeiro passo na direção do término por Pyongyang de um programa nuclear secreto que funcionários do governo dos EUA disseram ter sido revelado em outubro.
O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou em uma entrevista ao canal de TV NBC que a Coréia do Norte "retornou ao velho jogo da chantagem", disse a agência France Presse. "Isso nos dá a oportunidade de dizer aos norte-coreanos que não nos deixaremos ameaçar."
O secretário de Estado americano, Colin Powell, dissera mais cedo que os EUA não se intimidariam por "declarações belicosas" ou ameaças de Pyongyang.
Segundo Powell, os EUA querem uma solução diplomática, mas Washington não descartou nenhuma opção -ou seja, em linguagem diplomática, uma ação militar não foi descartada.
"Os norte-coreanos não devem deixar as reuniões em Pequim, agora que elas foram concluídas, com nem mesmo a mais ligeira impressão de que os EUA e seus parceiros serão intimidados por declarações belicosas ou ameaças", disse ele, durante o Conselho Ásia-Pacífico, em Washington.
"Não descartamos nenhuma opção, mas o presidente permanece convencido de que uma solução pacífica pode ser encontrada", disse Powell. "Não podemos permitir que a península se torne nuclear. A Coréia do Norte também precisa entender que não seremos ameaçados, que não responderemos a ameaças."
"Buscamos uma forma de avançar que elimine a ameaça e coloque a Coréia do Norte em um caminho para um futuro melhor", acrescentou o secretário.
Não ficou claro se autoridades dos EUA, da China e da Coréia do Norte se encontrariam hoje.
A Coréia do Norte afirmara que os EUA deveriam renunciar à sua intenção "hostil" antes de discussões sobre o desmantelamento de seu programa nuclear.
"Os EUA devem mostrar sua vontade política de dar uma guinada ousada em sua política hostil em relação à Coréia do Norte", disse a agência estatal norte-coreana. "Essa é a chave mestra para tornar as reuniões frutíferas."


Com agências internacionais


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