UOL


São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VENEZUELA

OEA deve mediar nova negociação com a oposição para promover consulta popular sobre a saída do presidente

Chávez derruba acordo sobre referendo

DA REDAÇÃO

O vice-presidente da Venezuela, José Vicente Rangel, declarou ontem que o governo vetou um pré-acordo sobre um referendo a respeito da permanência de Hugo Chávez na Presidência.
O documento, apresentado no dia 11 pela OEA (Organização dos Estados Americanos), era o resultado de cinco meses de negociações entre governo e oposição sobre a crise política na Venezuela, mediadas pelo secretário-geral da organização, César Gaviria.
Gaviria, que se reuniu ontem com Rangel, afirmou que o veto do governo será debatido com a oposição venezuelana antes da retomada das negociações.
A recusa de Rangel alimentou as dúvidas sobre uma votação a respeito do mandato de seis anos de Chávez, que chegaria ao fim em dezembro de 2007.
A ampliação do termo de Chávez foi o principal motivo da greve geral que parou a Venezuela entre dezembro e janeiro e interrompeu as remessas de petróleo do país, quinto maior exportador do produto do mundo. A exigência dos grevistas era um referendo sobre a renúncia de Chávez, como permite a Constituição do país.
Recentemente, o secretário de Estado americano, Colin Powell, declarou que Chávez "mostraria seu compromisso com a democracia" caso aceitasse a votação.
Mas a declaração foi rechaçada por Rangel. "A Venezuela não é uma colônia", disse o vice, recusando também a proposta de que o processo eleitoral seja monitorado pela OEA, pela ONU e pelo Carter Center, ONG do ex-presidente dos EUA Jimmy Carter.
Rafael Alfonzo, representante da oposição nas negociações, afirmou que os opositores de Chávez no Congresso tentariam aprovar uma antecipação da eleição ou mesmo apelar à Suprema Corte.
Em discurso na cidade de Maracay ontem, Chávez citou uma série de empecilhos para a realização do referendo: o Congresso precisaria escolher um novo conselho eleitoral, o cadastro de eleitores teria de ser atualizado e a oposição precisaria coletar um abaixo-assinado exigindo o referendo após o fim da primeira metade de seu governo, em agosto.
A oposição tem um documento com mais de 2,5 milhões de signatários -o suficiente para exigir o referendo-, mas Chávez afirma que as assinaturas não têm valor por terem sido coletadas antes de agosto. O caso tramita na Justiça.
"Não podemos permitir que eles mudem as regras do jogo o tempo todo", disse Alfonzo à Rádio Unión. "O referendo vai acontecer, queira o governo ou não."
Apesar de rechaçar as interferências externas, o governo venezuelano pediu à OEA para mediar outro acordo sobre a realização de plebiscitos de oposição.
Chávez, um ex-pára-quedista do Exército que passou dois anos preso por tentativa de golpe em 1992, foi eleito em 1998 e se reelegeu dois anos depois.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Brasil: Senadores irão pedir que Fidel anistie dissidentes
Próximo Texto: Paraguai: Oviedo tenta criar factóides para influenciar eleição
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.