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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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PARAGUAI

Candidato à Presidência apoiado pelo ex-general exilado no Brasil é um dos últimos em pesquisa para a votação de domingo

Oviedo tenta criar factóides para influenciar eleição

ROGERIO WASSERMANN
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO

Longe do Paraguai desde 1999, o ex-general Lino Oviedo continua dando o que falar na política do país em que ele foi condenado por uma tentativa de golpe, em 1996, e no qual é acusado de ter sido o mandante do assassinato do vice-presidente Luís Maria Argaña, em 1999. Com seu candidato a presidente para as eleições gerais de domingo, Guillermo Sánchez Guffanti, amargando um quarto lugar nas pesquisas, Oviedo, exilado no Brasil, vem tentando nos últimos dias criar fatos novos na campanha eleitoral para tentar impulsioná-lo.
Mesmo alegando falta de recursos financeiros para competir com as campanhas dos tradicionais partidos Colorado e Liberal e com o Pátria Querida, legenda do ex-empresário Pedro Fadul, o partido de Oviedo, Unace (União Nacional dos Cidadãos Éticos), vem veiculando seguidas propagandas na TV, pagas, em que expõe seu lema: "Se você quer eleger este [Oviedo] presidente, vote neste [Sánchez]".
Ontem, o principal jornal paraguaio, "ABC Color", saiu com um encarte de 24 páginas pago pelo Unace, cuja campanha é coordenada por uma agência de propaganda brasileira. A imagem de Oviedo aparece quatro vezes no encarte, contra apenas três do candidato oficial do partido.
O lance mais ousado de Oviedo foi o anúncio, anteontem, de "uma surpresa" a ser anunciada pelo ex-general à noite.
Imediatamente surgiram rumores de que Oviedo anunciaria a retirada da candidatura de Sánchez em favor do ex-vice-presidente Julio César "Yoyito" Franco, do Partido Liberal, terceiro nas pesquisas. Criada a expectativa, Oviedo limitou-se a pedir, numa mensagem em espanhol e guarani, votos para o Unace.
A participação cada vez mais intensiva de Oviedo na campanha paraguaia levou o presidente Luis González Macchi a afirmar que o ex-general é protegido "pela máfia brasileira" e a fazer uma crítica velada ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de quem disse esperar um outro tratamento do caso Oviedo. "Não recebemos respostas [do Brasil]. Mas o que vamos fazer?", questionou Macchi.
Após o Supremo Tribunal Federal negar um pedido de extradição de Oviedo ao Paraguai, por considerar que o pedido tinha caráter político, a Polícia Federal o advertiu, no ano passado, de que ele poderia ser expulso se mantivesse atividade política no Brasil.
Segundo González Macchi, a Embaixada do Paraguai em Brasília fará uma nova queixa formal ao governo brasileiro sobre as atividades de Oviedo, que se instalou nos últimos dias em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira entre os dois países, de onde coordena sua participação na campanha.
Os esforços do ex-general, porém, não têm dado resultado. Em pesquisa publicada anteontem pelo "ABC Color", Nicanor Duarte Frutos, candidato do Partido Colorado (no poder há 56 anos), mantém a dianteira folgada, com 39,3% das intenções de voto. Ele é seguido por Pedro Fadul, com 29,4%, e Yoyito Franco, com 16,5%. Guffanti tem apenas 6,1%.


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