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PARAGUAI
Candidato à Presidência apoiado pelo ex-general exilado no Brasil é um dos últimos em pesquisa para a votação de domingo
Oviedo tenta criar factóides para influenciar eleição
ROGERIO WASSERMANN
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO
Longe do Paraguai desde 1999, o
ex-general Lino Oviedo continua
dando o que falar na política do
país em que ele foi condenado por
uma tentativa de golpe, em 1996, e
no qual é acusado de ter sido o
mandante do assassinato do vice-presidente Luís Maria Argaña, em
1999. Com seu candidato a presidente para as eleições gerais de
domingo, Guillermo Sánchez
Guffanti, amargando um quarto
lugar nas pesquisas, Oviedo, exilado no Brasil, vem tentando nos
últimos dias criar fatos novos na
campanha eleitoral para tentar
impulsioná-lo.
Mesmo alegando falta de recursos financeiros para competir
com as campanhas dos tradicionais partidos Colorado e Liberal e
com o Pátria Querida, legenda do
ex-empresário Pedro Fadul, o
partido de Oviedo, Unace (União
Nacional dos Cidadãos Éticos),
vem veiculando seguidas propagandas na TV, pagas, em que expõe seu lema: "Se você quer eleger
este [Oviedo] presidente, vote
neste [Sánchez]".
Ontem, o principal jornal paraguaio, "ABC Color", saiu com um
encarte de 24 páginas pago pelo
Unace, cuja campanha é coordenada por uma agência de propaganda brasileira. A imagem de
Oviedo aparece quatro vezes no
encarte, contra apenas três do
candidato oficial do partido.
O lance mais ousado de Oviedo
foi o anúncio, anteontem, de
"uma surpresa" a ser anunciada
pelo ex-general à noite.
Imediatamente surgiram rumores de que Oviedo anunciaria a
retirada da candidatura de Sánchez em favor do ex-vice-presidente Julio César "Yoyito" Franco, do Partido Liberal, terceiro
nas pesquisas. Criada a expectativa, Oviedo limitou-se a pedir, numa mensagem em espanhol e
guarani, votos para o Unace.
A participação cada vez mais intensiva de Oviedo na campanha
paraguaia levou o presidente Luis
González Macchi a afirmar que o
ex-general é protegido "pela máfia brasileira" e a fazer uma crítica
velada ao governo de Luiz Inácio
Lula da Silva, de quem disse esperar um outro tratamento do caso
Oviedo. "Não recebemos respostas [do Brasil]. Mas o que vamos
fazer?", questionou Macchi.
Após o Supremo Tribunal Federal negar um pedido de extradição de Oviedo ao Paraguai, por
considerar que o pedido tinha caráter político, a Polícia Federal o
advertiu, no ano passado, de que
ele poderia ser expulso se mantivesse atividade política no Brasil.
Segundo González Macchi, a
Embaixada do Paraguai em Brasília fará uma nova queixa formal
ao governo brasileiro sobre as atividades de Oviedo, que se instalou nos últimos dias em Foz do
Iguaçu (PR), na fronteira entre os
dois países, de onde coordena sua
participação na campanha.
Os esforços do ex-general, porém, não têm dado resultado. Em
pesquisa publicada anteontem
pelo "ABC Color", Nicanor Duarte Frutos, candidato do Partido
Colorado (no poder há 56 anos),
mantém a dianteira folgada, com
39,3% das intenções de voto. Ele é
seguido por Pedro Fadul, com
29,4%, e Yoyito Franco, com
16,5%. Guffanti tem apenas 6,1%.
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