São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2007

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"É uma questão de saúde pública, não de moralidade", diz deputado do PRD

FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO

"É uma questão de leis, de saúde, não de moralidade." Com a frase o presidente da Comissão de Justiça da Assembléia Legislativa da Cidade do México, Daniel Ordóñez, afirmou ontem considerar um "erro" a intenção da Igreja Católica de intervir no debate político para tentar impedir a descriminalização do aborto na capital mexicana, aprovada ontem. Católico, Ordóñez, deputado do esquerdista PRD (Partido da Revolução Democrática), sigla que liderou a mudança na legislação, falou ontem à Folha.

 

FOLHA - O que representa a aprovação da lei do aborto?
DANIEL ORDÓÑEZ
- É um momento histórico para a capital do país e para o México. Considero que é um avanço para a democracia, para as mulheres. Trata-se de um problema de saúde pública. É a segunda causa de mortes de mulheres na Cidade do México. No país, é a quarta. Por isso, é um tema de saúde, além de ser um direito fundamental das mulheres. É uma questão de leis, de saúde, não de moralidade.

FOLHA - Há uma campanha muito forte também contra o aborto, com a participação da Igreja Católica...
ORDÓÑEZ
- Antes, uma discussão como essa era impensável. Agora, na Cidade do México, nos atrevemos a discutir o aborto. No caso da Igreja Católica, ela sempre se manifestou contra e considero que está cometendo um erro ao intervir em assuntos políticos. A igreja está muito ativa na campanha porque o México é um dos países com o maior número de católicos, está lutando por seus interesses. Mas nosso partido deixou claro que já não cabe mais esse tipo de intervenção.

FOLHA - O aborto é um tema controvertido no México. O PRD não teme perder votos?
ORDÓÑEZ
- A população está dividida. É possível que o PRD perca votos, mas assumimos o custo político. Primeiro está a saúde das mulheres. Esperamos que a população entenda, a longo prazo, nossos motivos.


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