São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2001

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PERU

Presidente Chávez anuncia prisão de ex-assessor de Fujimori e diz que ele deve ser entregue ao Peru o mais rápido possível

Vladimiro Montesinos é preso em Caracas

DA REDAÇÃO

Vladimiro Montesinos, 56, ex-braço direito do ex-presidente do Peru Alberto Fujimori (1990-2000), foi preso anteontem à noite em Caracas e será entregue rapidamente às autoridades peruanas, anunciou o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
"Felizmente, capturamos Montesinos vivo", disse Chávez ontem, no encerramento da cúpula de países andinos em Valencia, 100 km a oeste de Caracas. "Nós o deportaremos mais rápido do que imediatamente."
Montesinos estava foragido desde outubro passado, e havia informações de que estaria na Venezuela, país onde manteve boas relações quando estava no governo peruano.
Segundo Chávez, o DIM (serviço de inteligência venezuelano) tinha localizado Montesinos há alguns dias e aproveitou-se de uma falha em sua segurança quando ela preparava-se para transferi-lo para outro esconderijo. "Parece que as pessoas que o protegiam estavam desesperadas, o que as levou a cometer alguns erros."
O ministro peruano do Interior, Antonio Ketín Vidal, irá a Caracas para realizar os trâmites necessários para repatriar Montesinos.
Segundo autoridades venezuelanas e peruanas, Montesinos provavelmente seria deportado ainda ontem ou hoje. Um avião da Força Aérea peruana estava a caminho da Venezuela para transportá-lo.
O ministro da Secretaria da Presidência da Venezuela, Diosdado Cabello, disse que o governo do país realizará de forma "expedita" os trâmites para enviar Montesinos ao Peru, e acrescentou que seria utilizado o mecanismo da deportação porque essa seria a "via mais rápida para entregá-lo".
O premiê peruano, Javier Pérez de Cuellar, que participava da cúpula andina, disse que Montesinos "sofrerá um processo judiciário normal no país, como todo delinquente". O presidente interino do Peru, Valentín Paniagua, expressou satisfação em Lima pela detenção de Montesinos, a quem chamou de "o cérebro e o condutor da maior rede de corrupção que existiu no Peru".
A Promotoria peruana acusa Montesinos de ter obtido ilegalmente uma fortuna pessoal de US$ 264 milhões, embora seu salário oficial fosse de no máximo US$ 376 ao mês. Alguns analistas afirmam que sua fortuna poderia chegar a US$ 1 bilhão.
Montesinos é acusado ainda de torturas, assassinato e tráfico ilegal de armas e de drogas.
O retorno de Montesinos ao Peru dependerá da forma como ele entrou na Venezuela e das circunstâncias de sua captura, segundo o promotor peruano que cuida do seu caso, José Ugaz.
Para o presidente eleito do Peru, Alejandro Toledo, que toma posse em 28 de julho, a prisão "acelerará a extradição" de Fujimori, foragido no Japão desde novembro. O Peru pediu sua extradição, mas Tóquio recusou o pedido porque o ex-presidente tem cidadania japonesa. "O ex-presidente Fujimori precisa enfrentar a Justiça peruana", disse Toledo.
Chávez não quis dar maiores detalhes ontem da prisão de Montesinos e de seu estado. A mídia chegou a noticiar que ele teria passado por cirurgias plásticas para mudar a sua fisionomia. Um assessor de Chávez disse que ele "aparentemente" não fez nenhuma cirurgia plástica no rosto.
A prisão ocorreu num bairro popular da capital venezuelana, a menos de um quilômetro do palácio presidencial de Miraflores.


Com agências internacionais



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