São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2001

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CUBA

Políticos e rádios vêem desfalecimento do ditador como "boa notícia'; dirigente vai à TV e diz que brincou de morto

Cubanos de Miami festejam colapso de Fidel

DA REDAÇÃO

A comunidade cubana em Miami (EUA) comemorou ontem o colapso do ditador Fidel Castro, 74, durante um discurso em Havana no sábado. Rádios hispânicas de Miami desenterraram o lema: "No Castro, no problem" (sem Castro, sem problema).
"O comprometimento da saúde de Fidel Castro é uma boa notícia para os exilados cubanos e para todos os povos escravizados do mundo", disse Ileana Ros-Lehtinen, senadora de origem cubana.
Na manhã de sábado, após quase duas horas discursando sob sol forte, Fidel reclinou a cabeça sobre os microfones e teve de ser amparado por assessores para não cair em pleno palanque.
Minutos mais tarde, depois de receber inalação de oxigênio e ter sua pulsação verificada numa ambulância, o ditador voltou para acalmar a multidão de cerca de 60 mil pessoas, que o receberam com gritos de "Fidel, Fidel".
Foi a primeira vez em 42 anos no poder que Fidel não terminou um discurso.
"Tomara que seja mais sério do que parece", acrescentou a senadora Ileana, uma das principais defensoras da manutenção do embargo econômico norte-americano contra Cuba.
O exilado cubano Josi Luis Espinosa disse ao jornal "El Nuevo Herald", de Miami, que "celebraria a morte de Fidel, mas gostaria que ele sofresse antes".
Em Cuba, o único jornal que circula aos domingos estampou ontem a manchete "Estamos bem". Segundo o texto, "os cubanos devem agradecer pelo sol forte de ontem, que serviu para mostrar o quanto Cuba ama Fidel".

Ar-condicionado
Depois de interromper o discurso por causa do mal-estar, Fidel, que está a dois meses de completar 75 anos, voltou a falar em público, ainda no sábado, para mostrar que sua saúde vai bem.
"Gosto deste lugar. É confortável e está mais fresco", disse o presidente cubano horas depois do incidente, falando às câmeras da televisão oficial do país.
Fidel ainda brincou com os jornalistas presentes no "Mesa-redonda", programa diário sobre política exibido pela TV estatal. "Pode-se dizer que brinquei de morto para ver quem iria comparecer ao meu enterro", disse.
Fidel foi à TV acompanhado de seu irmão, Raul, 70, número dois do Partido Comunista e ministro da Defesa de Cuba. Apesar de sua discrição, Raul é tido como um potencial sucessor do ditador cubano, cujo estado de saúde, até o colapso de anteontem, era tema banido na mídia do país.


Com agências internacionais




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