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TRAGÉDIA
Região necessita de ajuda imediata, dizem grupos humanitários; além da seca, conflitos políticos causaram situação
Fome ameaça 13 milhões no sul da África
DA REUTERS
Milhões de pessoas podem
morrer de fome no sul da África
nos próximos meses a menos que
países desenvolvidos aumentem
drasticamente o auxílio a esses
países, disseram ontem agências
de auxílio humanitário britânicas.
"Se a vontade política for exercida agora, tanto internacionalmente quanto nos países do sul da
África, uma tragédia para milhões
de pessoas pode ser evitada", afirmou Brendam Gormley, chefe-executivo do Disaster Emergency
Committee (DEC).
O DEC, que abriga 14 agências
de auxílio humanitário britânicas,
incluindo a Oxfam, a Cruz Vermelha Britânica, a Christian Aid e
a Care, afirmou que 13 milhões de
pessoas podem morrer de doenças relacionadas à fome se não
houver uma reação imediata.
Os EUA foram o primeiro país a
prometer auxílio à área atingida
pela seca que inclui Maláui, Zimbábue, Lesoto e Suazilândia. A
iniciativa provocou fortes críticas
por parte de agricultores americanos, que acusam o governo de
prejudicar seu mercado.
Reino Unido, Alemanha, Japão,
Austrália, Canadá, Finlândia, Suíça, Holanda e África do Sul seguiram o exemplo dos EUA, mas
prometeram quantias menores.
Segundo o DEC, ainda há um
abismo enorme entre o que foi
prometido e o que é necessário
para evitar uma repetição das
grandes fomes que mataram ou
obrigaram milhões de pessoas a
deixar suas casas na Etiópia e na
Somália na década de 80.
Mas não há um consenso entre
os governos sobre o que deve ser
feito para evitar a fome.
Até mesmo uma conferência da
ONU sobre alimentação, realizada em Roma no início do mês, cujo resultado deveria ter sido um
plano com estratégias para combater a fome, produziu mais brigas e intrigas do que soluções.
Como já ocorreu diversas vezes
no passado, a reunião revelou
profundas diferenças entre o Norte e o Sul e uma recusa total por
parte dos EUA e da União Européia de investir mais bilhões de
dólares em auxílio para o desenvolvimento agrário.
Analistas dizem que o problema
na região sul do continente africano tem sido agravado por políticas governamentais fracassadas e
conflitos políticos -particularmente no Zimbábue e em Maláui.
A produção de comida caiu no
Zimbábue depois que o governo
do presidente Robert Mugabe
confiscou milhares de fazendas
comerciais, a maioria propriedade de brancos, nos últimos dois
anos dizendo que era uma forma
de corrigir injustiças da era colonial (leia texto ao lado).
Em Maláui, o problema da escassez de comida foi agravado por
uma decisão do governo de vender repentinamente todas as 167
mil toneladas de sua reserva estratégica de comida sem reter nem
mesmo as 60 mil toneladas que
sua própria política determinava.
O governo diz que foi instruído
a vender o estoque pelo FMI
(Fundo Monetário Internacional). A entidade nega.
O auxílio à África deve ser um
dos principais assuntos da pauta
da cúpula do G-8 (sete países mais
ricos do mundo mais a Rússia)
nesta semana, no Canadá.
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