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Crise em Angola é a pior em décadas, diz ONG
DA REDAÇÃO
A situação em Angola é a pior
em décadas, segundo Kevin Phelan, 33, diretor de comunicação
da ONG Médicos Sem Fronteiras
(MSF) que esteve no país entre os
dias 26 de abril e 7 de junho.
A MSF possui mais de 160 voluntários estrangeiros e cerca de
2.000 angolanos atuando no país
(10% do Orçamento da MSF é direcionado para Angola).
A seguir, trechos da entrevista.
(PAULO DANIEL FARAH)
Folha - Como está a situação em
Angola e na África em geral?
Kevin Phelan - Assustadora. O final da guerra angolana revelou
uma crise de desnutrição que não
se via na África em décadas. As
pessoas estão realmente morrendo de fome, sofrendo de desnutrição grave. Em janeiro, tratávamos
cerca de mil pessoas em Angola,
principalmente crianças. Agora,
estamos tratando mais de 35 mil
por desnutrição grave, mas o número é dez vezes maior.
Folha - Que tipo de limitação os
srs. enfrentam?
Phelan - A infra-estrutura está
totalmente arruinada. As estradas
são péssimas e há minas terrestres
por todo lado. Precisa-se de quatro horas para percorrer 50 km.
Folha - E o governo?
Phelan - Ele não parece se preocupar com o próprio povo. Todos
os dias caminhões continuam a
chegar com 50, 60 pessoas gravemente desnutridas. As histórias
são terríveis. Houve um homem
de Vipungo que caminhou quatro
dias até o posto mais próximo e
disse que quatro de seus seis filhos
morreram desde abril. As outras
duas crianças estavam doentes.
Imaginar que tantas crianças tenham morrido por causa de algo
ridículo como a falta de alimentos
deveria enfurecer qualquer um.
Folha - Por que a crise é tão terrível no continente africano?
Phelan - Atuamos em 33 países.
Vários estão em guerra. Em outros, as epidemias dizimam a população, além da seca...
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