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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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CUBA

Para dissidente, insatisfação nas ruas é "palpável"

Atacado no exterior, Fidel muda gabinete para manter apoio interno

DA FRANCE PRESSE

Atacado internacionalmente após a onda de repressão a dissidentes políticos, o ditador cubano, Fidel Castro, iniciou uma reforma interna, com a destituição de dois ministros e a redistribuição de cargos no birô político do Partido Comunista de Cuba na última semana.
Os ministros destituídos foram Manuel Millares (Finanças e Preços), encarregado de supervisionar e administrar a economia doméstica, e Alvaro Pérez Morales, dos Transportes, que não conseguiu contornar uma grave crise que o setor enfrenta desde 1992.
Millares foi substituído pela vice-presidente do Banco Central, Georgina Barreiro, enquanto para o lugar de Pérez Morales foi indicado o engenheiro Manuel Pozo Torrado, que era membro do Comitê Central do PC.
Diplomatas e acadêmicos consultados pela agência de notícias France Presse consideram que as mudanças são uma tentativa de dar uma resposta à crescente insatisfação popular com os altos preços dos produtos oferecidos nos mercados agrícolas -que operam pelas regras de oferta e procura- e a ineficiência dos serviços de transporte público.
Segundo eles, o Partido Comunista monitora a insatisfação popular com pesquisas de opinião quase diárias, às quais somente um grupo de elite dos dirigentes tem acesso.
Para o dissidente político Elizardo Sánchez, um dos poucos que escaparam à recente onda de repressão, a insatisfação "é palpável nas ruas", mas não é expressada "porque o medo segue sendo um sentimento generalizado".
Segundo ele, não há possibilidades hoje de que se produza uma onda de protestos sociais em Cuba como a que ocorreu em 1994, durante o período mais crítico da crise econômica decorrente do fim da União Soviética.
"O governo aprendeu a lição e agora pratica o que poderíamos chamar de repressão preventiva", disse ele, acrescentando que o governo tem "um controle absoluto da situação".
Os diplomatas, por sua vez, afirmam que as mudanças anunciadas anteontem no Comitê Central do Partido Comunista de Cuba respondem à intenção do governo de aprofundar políticas sociais e reforçar o apoio interno ao regime para ajudá-lo a enfrentar as pressões externas.


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