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CUBA
Para dissidente, insatisfação nas ruas é "palpável"
Atacado no exterior, Fidel muda gabinete para manter apoio interno
DA FRANCE PRESSE
Atacado internacionalmente
após a onda de repressão a dissidentes políticos, o ditador cubano, Fidel Castro, iniciou uma reforma interna, com a destituição
de dois ministros e a redistribuição de cargos no birô político do
Partido Comunista de Cuba na
última semana.
Os ministros destituídos foram
Manuel Millares (Finanças e Preços), encarregado de supervisionar e administrar a economia doméstica, e Alvaro Pérez Morales,
dos Transportes, que não conseguiu contornar uma grave crise
que o setor enfrenta desde 1992.
Millares foi substituído pela vice-presidente do Banco Central,
Georgina Barreiro, enquanto para
o lugar de Pérez Morales foi indicado o engenheiro Manuel Pozo
Torrado, que era membro do Comitê Central do PC.
Diplomatas e acadêmicos consultados pela agência de notícias
France Presse consideram que as
mudanças são uma tentativa de
dar uma resposta à crescente insatisfação popular com os altos
preços dos produtos oferecidos
nos mercados agrícolas -que
operam pelas regras de oferta e
procura- e a ineficiência dos serviços de transporte público.
Segundo eles, o Partido Comunista monitora a insatisfação popular com pesquisas de opinião
quase diárias, às quais somente
um grupo de elite dos dirigentes
tem acesso.
Para o dissidente político Elizardo Sánchez, um dos poucos que
escaparam à recente onda de repressão, a insatisfação "é palpável
nas ruas", mas não é expressada
"porque o medo segue sendo um
sentimento generalizado".
Segundo ele, não há possibilidades hoje de que se produza uma
onda de protestos sociais em Cuba como a que ocorreu em 1994,
durante o período mais crítico da
crise econômica decorrente do
fim da União Soviética.
"O governo aprendeu a lição e
agora pratica o que poderíamos
chamar de repressão preventiva",
disse ele, acrescentando que o governo tem "um controle absoluto
da situação".
Os diplomatas, por sua vez, afirmam que as mudanças anunciadas anteontem no Comitê Central
do Partido Comunista de Cuba
respondem à intenção do governo de aprofundar políticas sociais
e reforçar o apoio interno ao regime para ajudá-lo a enfrentar as
pressões externas.
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