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'Chávez usa popularidade para impor plano'
da Reportagem Local
"O autoritarismo de Chávez está em seu voluntarismo e populismo. Ele tem um determinado
norte e quer impor essa orientação a partir de sua popularidade."
É o que diz o cientista político
José Vicente Carrasquero, 41, professor da Universidade Simon Bolívar, em Caracas. Leia entrevista
à Folha, realizada pelo telefone.
(OD)
Folha - O projeto do presidente Chávez é autoritário?
José V. Carrasquero -Sim, mas
não quero crer que resulte num
golpe militar, pois haveria reação
internacional. Seu autoritarismo
está baseado em seu voluntarismo e populismo. Ele tem pouca
capacidade de governo, pois enfrenta oposição no Congresso.
Mas está determinado a levar em
frente um projeto que pouca gente conhece. Ele se comunica bem e
explora o ressentimento da população com os governo anteriores.
Tem um determinado norte e está
disposto a impor essa orientação
com base em sua popularidade.
Folha - Em 98, ele conquistou
o Executivo. Agora, pede à população também o Legislativo?
Carrasquero - Ele quer o poder
originário, que é o poder de fundar uma nova República. Para ele,
é importante que haja uma ruptura entre o passado e o presente.
Até agora, ele não tomou nenhuma medida na economia porque
não quer arriscar sua popularidade, que deve lhe garantir maioria
na Constituinte. Ele apostou tudo
nesse processo, por meio do qual
quer fazer algo que pode resultar
em autoritarismo: pretende vestir
seu projeto político de um arcabouço constitucional.
Folha - Um eventual fechamento do Congresso por uma
Constituinte pró-Chávez causaria uma crise institucional. Isso
seria do interesse de Chávez?
Carrasquero - Ele precisa que a
população eleja uma Assembléia
como ele imagina. Ameaça fechar
o Congresso, mas não quer dizer
que vá fazer isso. Sabe que uma
crise institucional reduziria ainda
mais a credibilidade do país.
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