|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PODER ARMADO
Presidente distribui altos cargos a integrantes das Forças Armadas e é criticado por opositores
Chávez "militariza" governo da Venezuela
STEVEN GUTKIN
da "Associated Press", em Caracas
O presidente Hugo Chávez
cumpriu sua promessa de conferir um papel mais relevante e político às Forças Armadas venezuelanas. Alguns setores temem que,
com isso, possa estar prejudicando o futuro de uma longa tradição
de governos civis.
Desde que assumiu a Presidência, em fevereiro, além de manter
altas taxas de aprovação (acima
de 70%), Chávez colocou dezenas
de milhares de soldados para trabalhar em obras públicas. Promoveu 34 chefes militares sem a
aprovação do Congresso e nomeou vários oficiais para altos
cargos no governo, entre eles o de
ministro da Presidência e diretor
da polícia secreta.
O presidente povoou de militares desde a estatal monopolista
Petróleos de Venezuela até o órgão responsável pelo recolhimento dos impostos.
Para seus críticos, aqueles entre
os 120 mil integrantes das Forças
Armadas que querem avançar na
carreira hoje precisam apoiar o
partido esquerdista de Chávez,
apesar de os militares ainda não
serem autorizados a votar nem a
pertencer a partidos.
"Existe uma simbiose entre as
Forças Armadas e um partido, e é
a primeira vez que isso acontece
na Venezuela", disse o general da
reserva Fernando Ochoa Antich,
que era ministro da Defesa quando Chávez liderou golpe de Estado fracassado, em 92.
Pelo menos seis generais que
manifestaram rejeição a Chávez
na campanha presidencial de 98
foram passados para a reserva.
Chávez, que goza de alto índice
de popularidade também nas
Forças Armadas, tem aparecido
em público usando o uniforme de
trabalho e o traje de gala do Exército.
No início de setembro, o presidente vai enviar soldados às escolas para ensinar a doutrina militar
às crianças.
Seus opositores perguntam: será que a democracia pode coexistir com a militarização das instituições civis? A América Latina levou várias décadas para superar
seu longo histórico de regimes
militares -com a exceção de Cuba, todos os países latino-americanos adotaram a democracia-,
e muitos se perguntam se a Venezuela, que se gaba de ter uma das
democracias mais antigas da região, não estará prestes a retroceder para um passado sombrio.
Muitos esperam que os 40 anos
de tradição profissional das Forças Armadas prevaleçam sobre os
esforços do presidente para politizá-las. Um sinal promissor é a
posição do ministro da Defesa,
general Raúl Salazar, que jurou
velar para que as Forças Armadas
respeitem a autoridade civil.
"Tragam a mim qualquer oficial
que se filie a um partido político, e
eu o expulsarei pessoalmente".
Texto Anterior: 'Chávez usa popularidade para impor plano' Próximo Texto: Saiba mais sobre Chávez Índice
|