São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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Bagdá faz novo ultimato a milícia xiita em Najaf

DA REDAÇÃO

O governo interino do Iraque lançou ontem um novo ultimato, e as forças iraquianas -associadas a marines, veículos militares e bombardeiros americanos- apertaram o cerco ao templo do imã Ali, em Najaf. Na mesquita, sagrada para os xiitas, se refugiaram cerca de mil integrantes do Exército Mehdi, a milícia do clérigo radical Moqtada al Sadr.
À noite, com forças iraquianas estacionadas a 200 metros do templo e tanques americanos a menos de 500 metros, o levante parecia estar perdendo força.
Os Estados Unidos voltaram a bombardear alvos rebeldes nas cercanias e dentro do centro antigo de Najaf, e o ministro da Defesa iraquiano, Hazem Shaalan, voltou a exigir a rendição dos insurgentes xiitas. No entanto, até o fechamento desta edição, não havia sinal de que as tropas haviam avançado em direção ao templo sitiado.
O paradeiro do clérigo radical era desconhecido. A polícia iraquiana afirma que Al Sadr fugiu de Najaf, mas os assessores do líder xiita afirmaram que ele está em um esconderijo na cidade.
De qualquer modo, segundo os relatos de agências de notícias no local, a ausência do clérigo parece ter baixado o moral de seus seguidores. Nem por isso, entretanto, a situação podia ser considerada tranqüila. Explosões e tiros foram ouvidos durante todo o dia pelas ruas da cidade. "Estamos sob constante fogo das armas leves, morteiros e granadas do inimigo", disse o tenente americano Chris Kent. "As forças americanas estão consolidando suas posições para futuras operações."
O jornal "The Washington Post" divulgou uma reportagem ontem segundo a qual os militares americanos na região de Najaf estariam apenas aguardando a autorização definitiva do governo interino iraquiano para invadir. A cidade concentra alguns dos principais santuários do xiismo. Uma ação pesada ali poderia provocar um levante nacional.
O gabinete do premiê Iyad Allawi e os cerca de 135 mil soldados americanos que permanecem no Iraque após a transição administrativa, à frente de uma força multinacional, têm encontrado grandes dificuldades para conter a violência no Iraque. Os confrontos, no entanto, são localizados -ocorrem sobretudo na conturbada Província de Anbar (oeste), sunita, e em sete cidades xiitas no sul do país.
Em Amarah (sul), embates entre membros do Exército Mehdi que atacaram um comboio militar e soldados britânicos deixaram oito mortos e 18 feridos, segundo fontes hospitalares. Na capital, dois ministros do gabinete interino foram alvo de ataques contra suas caravanas, mas não se feriram. Os dois incidentes, no entanto, deixaram um saldo de cinco mortos -todos guarda-costas dos ministros.

Jornalista italiano
Insurgentes do autodenominado Exército Islâmico do Iraque disseram ter seqüestrado o jornalista italiano Enzo Baldoni, que trabalha para a Cruz Vermelha. Em um vídeo levado ao ar pela TV Al Jazira (de Qatar), o grupo exibiu imagens do jornalista e exigiu a retirada dos cerca de 3.000 soldados italianos que estão no país em 48 horas, caso contrário, afirma, não poderá "assegurar a segurança" de Baldoni.
O gabinete do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, emitiu um comunicado no qual afirmou estar "fazendo todo o possível" pela libertação do refém. Quatro italianos foram seqüestrados no meio do ano no Iraque, e um deles foi morto.


Com agências internacionais

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