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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Segundo a agência, a equipe anglo-americana não chegou a "conclusão consistente" sobre o paradeiro do arsenal

Busca de armas é inconclusiva, diz CIA

DA REDAÇÃO

Após mais de três meses de trabalho, uma equipe de 1.400 especialistas britânicos e americanos enviada ao Iraque para provar a existência de armas de destruição em massa (ADMs) "não chegou a conclusões consistentes", disse ontem um porta-voz da CIA (serviço secreto dos EUA).
A avaliação do grupo, citada pelo porta-voz da CIA Bill Harlow, se assemelha àquela apresentada em fevereiro pelo então chefe de inspeção de armas da ONU, Hans Blix -de que o paradeiro do suposto arsenal iraquiano era desconhecido e qualquer conclusão sobre o Iraque ter ou não destruído as armas que possuía até o começo dos anos 90 era impossível.
A rede britânica BBC divulgou ontem uma reportagem na qual cita uma fonte do governo americano, cujo nome não foi revelado, afirmando que um relatório a ser entregue em outubro pelo Grupo de Pesquisa Iraquiano diz que não foram achadas ADMs no Iraque.
Questionado sobre a reportagem, o chanceler britânico, Jack Straw, disse tratar-se de "especulação". A suposta existência desse arsenal foi a bandeira dos EUA e do Reino Unido na defesa da ofensiva militar contra o Iraque, aberta em 20 março.

Sem descartar hipóteses
O Grupo de Pesquisa Iraquiano, criado pelo Departamento da Defesa americano em 30 de maio, é comandado pelo general Keith Dayton, da Agência de Inteligência pela Defesa, sob a orientação de David Kay, assessor da CIA e ex-inspetor de armas no Iraque após a Guerra do Golfo (1991). É Kay quem assina o relatório mencionado por Harlow e pela BBC.
"O doutor Kay ainda está recebendo informações de campo. Esse será o primeiro relatório de progresso, o qual não esperamos que traga nenhuma conclusão consistente nem descarte nenhuma hipótese", disse Harlow. Kay deve depor no Congresso dos EUA em outubro.
A fonte citada pela BBC teria conversado com o apresentador do programa "Daily Politics", Andrew Neil. Segundo Neil, o relatório conclui ser "altamente improvável que as armas de destruição em massa iraquianas tenham sido enviadas para fora do país".
Tanto Washington como Londres, passados mais de seis meses da invasão em que não foram achados indícios do suposto arsenal, seguem afirmando que Bagdá possuía as armas proibidas e cogitam a hipótese de elas terem sido enviadas a países vizinhos.

Evidências documentais
Também citando uma fonte no governo americano sem revelar seu nome, a agência Reuters afirma que o relatório de Kay deve citar "evidências documentais" de que o programa de armas de destruição em massa iraquiano continuava a existir até a invasão, mas que não há prova das armas em si.
"O relatório tratará de armas químicas e biológicas, e eu acredito que trará evidências documentais -afirmações de cientistas e técnicos iraquianos sobre a existência do programa", disse a fonte da Reuters. "Duvido que revele qualquer prova das armas em si."
A dificuldade em encontrar o suposto arsenal iraquiano colocou em xeque, perante a comunidade internacional, a justificativa para a guerra no Iraque.
Com o passar dos meses, embora tenham mantido sua posição, os EUA e o Reino Unido deixaram a questão das armas em segundo plano. Mas as buscas por provas continuam sendo feitas.
Segundo uma fonte da Reuters no governo americano, Washington teria concedido imunidade ao ministro da Defesa de Saddam, Sultan Hashim Ahmed, que se rendeu na semana passada, em troca de informações sobre o paradeiro do arsenal.


Com agências internacionais

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