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IRAQUE OCUPADO
Segundo a agência, a equipe anglo-americana não chegou a "conclusão consistente" sobre o paradeiro do arsenal
Busca de armas é inconclusiva, diz CIA
DA REDAÇÃO
Após mais de três meses de trabalho, uma equipe de 1.400 especialistas britânicos e americanos
enviada ao Iraque para provar a
existência de armas de destruição
em massa (ADMs) "não chegou a
conclusões consistentes", disse
ontem um porta-voz da CIA (serviço secreto dos EUA).
A avaliação do grupo, citada pelo porta-voz da CIA Bill Harlow,
se assemelha àquela apresentada
em fevereiro pelo então chefe de
inspeção de armas da ONU, Hans
Blix -de que o paradeiro do suposto arsenal iraquiano era desconhecido e qualquer conclusão
sobre o Iraque ter ou não destruído as armas que possuía até o começo dos anos 90 era impossível.
A rede britânica BBC divulgou
ontem uma reportagem na qual
cita uma fonte do governo americano, cujo nome não foi revelado,
afirmando que um relatório a ser
entregue em outubro pelo Grupo
de Pesquisa Iraquiano diz que não
foram achadas ADMs no Iraque.
Questionado sobre a reportagem, o chanceler britânico, Jack
Straw, disse tratar-se de "especulação". A suposta existência desse
arsenal foi a bandeira dos EUA e
do Reino Unido na defesa da
ofensiva militar contra o Iraque,
aberta em 20 março.
Sem descartar hipóteses
O Grupo de Pesquisa Iraquiano,
criado pelo Departamento da Defesa americano em 30 de maio, é
comandado pelo general Keith
Dayton, da Agência de Inteligência pela Defesa, sob a orientação
de David Kay, assessor da CIA e
ex-inspetor de armas no Iraque
após a Guerra do Golfo (1991). É
Kay quem assina o relatório mencionado por Harlow e pela BBC.
"O doutor Kay ainda está recebendo informações de campo. Esse será o primeiro relatório de
progresso, o qual não esperamos
que traga nenhuma conclusão
consistente nem descarte nenhuma hipótese", disse Harlow. Kay
deve depor no Congresso dos
EUA em outubro.
A fonte citada pela BBC teria
conversado com o apresentador
do programa "Daily Politics", Andrew Neil. Segundo Neil, o relatório conclui ser "altamente improvável que as armas de destruição
em massa iraquianas tenham sido
enviadas para fora do país".
Tanto Washington como Londres, passados mais de seis meses
da invasão em que não foram
achados indícios do suposto arsenal, seguem afirmando que Bagdá
possuía as armas proibidas e cogitam a hipótese de elas terem sido
enviadas a países vizinhos.
Evidências documentais
Também citando uma fonte no
governo americano sem revelar
seu nome, a agência Reuters afirma que o relatório de Kay deve citar "evidências documentais" de
que o programa de armas de destruição em massa iraquiano continuava a existir até a invasão, mas
que não há prova das armas em si.
"O relatório tratará de armas
químicas e biológicas, e eu acredito que trará evidências documentais -afirmações de cientistas e
técnicos iraquianos sobre a existência do programa", disse a fonte
da Reuters. "Duvido que revele
qualquer prova das armas em si."
A dificuldade em encontrar o
suposto arsenal iraquiano colocou em xeque, perante a comunidade internacional, a justificativa
para a guerra no Iraque.
Com o passar dos meses, embora tenham mantido sua posição,
os EUA e o Reino Unido deixaram a questão das armas em segundo plano. Mas as buscas por
provas continuam sendo feitas.
Segundo uma fonte da Reuters
no governo americano, Washington teria concedido imunidade ao
ministro da Defesa de Saddam,
Sultan Hashim Ahmed, que se
rendeu na semana passada, em
troca de informações sobre o paradeiro do arsenal.
Com agências internacionais
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