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ONDE ESTÃO AS ARMAS?
Segundo fonte do jornal "The Independent", "eles passam o tempo cochilando e lavando roupa"
Equipe de busca vira alvo de ironias
Anja Niedringhaus - 15.abr.2003/Associated Press
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Americanos exibem supostas instruções para fabricar armas químicas e biológicas, achadas em prédio do governo em Bagdá |
RAYMOND WHITAKER
GLEN RANGWALA
DO "INDEPENDENT"
Eles são chamados de "buscadores" pelos colegas. Mas o que
exatamente eles estão buscando?
O premiê britânico, Tony Blair,
espera que os "buscadores", integrantes do Grupo de Pesquisa
do Iraque (GPI), encontrem armas de destruição em massa.
Mas aparentemente eles não têm
muito o que fazer e ainda menos
o que reportar.
Cerca de 1.400 especialistas
britânicos e americanos deveriam revirar o Iraque para comprovar as afirmações de Blair e
do presidente dos EUA, George
W. Bush, feitas antes da guerra,
de que o ex-ditador iraquiano
Saddam Hussein possuía armas
de destruição em massa.
Porém a maior parte do GPI
sequer está no Iraque no momento. No país, estão 200 membros do grupo. O número inclui
pessoal de apoio, tradutores e
motoristas. E, mesmo assim, os
investigadores que estão no Iraque realizam pouco trabalho ao
visitar os locais suspeitos.
"Isso foi o que a 75ª Força Expedicionária estava fazendo e
eles não pretendem refazer a tarefa", disse uma fonte em Bagdá.
Outra ironizou: "Eles passam a
maior parte do tempo lavando
roupas e cochilando."
O GPI, ao desembarcar no Iraque no final de junho, deu início
a uma tumultuada operação,
conduzindo uma série de entrevistas com iraquianos que estiveram envolvidos com os programas de armamentos de Saddam. Mas os inspetores falharam ao não manter contato com
muitos deles, que não foram detidos na ocasião. Um cientista
nuclear entrevistado na época
desapareceu desde então.
Em Washington, autoridades
americanas estudam oferecer
imunidade a cientistas que trabalhavam para o regime deposto
e decidam falar. Eles esperam
que os cientistas que afirmam
que Saddam destruiu as armas
de destruição em massa há mais
de uma década mudem de discurso caso fiquem imunes.
Desdém
Porém, na semana passada, as
declarações dos cientistas receberam um importante suporte
de Hans Blix, ex-chefe dos inspetores de armas da ONU.
Blix, que se tornou mais falante após a sua aposentadoria, disse acreditar que o Iraque se desfez de suas armas ilegais após a
Guerra do Golfo (1991).
Ele condenou as afirmações
americanas e britânicas em relação às armas de destruição em
massa. Para Blix, os governos
dos dois países interpretaram
além da conta esse tema.
Sobre o grupo que substituiu
os seus inspetores, Blix disse
com desdém: "No início, eles falavam sobre as armas. Depois,
sobre os programas de armamentos. Talvez encontrem alguns documentos de interesse."
Confrontado pelo desdém do
ex-chefe dos inspetores da ONU,
Londres pediu que as pessoas
em dúvida esperem que o GPI
complete o seu trabalho. Blair
acredita que o trabalho do grupo
se encerrará em semanas e oferecerá provas concretas de que
Saddam possuía armas de destruição em massa, disse um
membro do governo. Ele acrescentou que "importantes descobertas eliminarão as dúvidas".
Porém a equipe do GPI parece
não saber em que resultará o seu
trabalho. Os resultados das primeiras buscas e entrevistas foram entregues ao "centro de
análise" no Qatar. Desde então,
o retorno tem diminuído. A
equipe no Iraque tem recebido
pouca orientação do centro no
Qatar.
Quando o relatório estiver
pronto, quem vai divulgá-lo será
o Pentágono. O governo americano decidirá ainda quais partes
serão divulgadas e quando. Rumores dizem que há tão pouco
para mostrar do trabalho do GPI
que talvez o relatório nunca seja
tornado público.
Certamente o principal foco
do trabalho do GPI não aponta
para novas grandes revelações.
Está se concentrando em programas de armamentos antigos,
com a maior parte dos documentos sendo de uma época anterior à Guerra do Golfo. A outra
importante ênfase está em como
instalações específicas foram
desviadas de fins civis para a
produção de armas proibidas.
Tudo isso, no entanto, é especulação e nada do que pregava a
retórica do período anterior à
guerra deve ser esperada pelos
públicos americano e britânico.
Um exemplo disso são os aviões
não-tripulados que os iraquianos utilizariam para lançar armas químicas e biológicas contra os americanos.
"O Iraque possui aviões não-tripulados que podem dispersar
armas químicas e biológicas",
disse Bush em outubro do ano
passado. "Estamos preocupados
que o Iraque explore maneiras
de utilizar esses aviões em missões contra os EUA", acrescentou. Seu vice, Dick Cheney, repetiu a ameaça a congressistas.
Em fevereiro, o secretário de
Estado dos EUA, Colin Powell,
disse ao Conselho de Segurança
da ONU: "O Iraque desenvolveu
aparatos que podem ser usados
nos aviões não-tripulados."
Porém reportagem do diário
americano "The Wall Street
Journal" revelou na semana passada que a Força Aérea dos EUA,
após estudar os aviões não-tripulados do Iraque, concluiu que
eles eram muito pequenos e mal
equipados para realizar as ações
mencionadas pelas autoridades
americanas.
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