|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Sem obter apoio internacional, EUA podem começar a mobilizar soldados adicionais a partir de outubro
Pentágono planeja convocar mais tropas
DA REDAÇÃO
A dificuldade em obter a colaboração de outras potências militares além do Reino Unido no
processo de reconstrução do Iraque está levando os EUA a redefinir estratégias.
Depois de estender, há duas semanas, o tempo de serviço de 20
mil reservistas e membros da
Guarda Nacional que já estão no
país, Washington agora deve convocar novos membros dessas
duas forças, afirmou ontem o general Peter Pace, vice-chefe do Estado Maior americano.
Embora o governo ainda espere
a colaboração de países como a
Turquia e o Paquistão, os estrategistas militares já não contam
mais com a hipótese.
"Expectativa não é plano", disse
Pace. "Acho que, entre o fim de
outubro e o início de novembro,
já devemos começar a alertar essas forças, para que elas possam
se preparar para a convocação,
caso não tenhamos nada especificado sobre uma terceira força na
coalizão", disse. Se convocados,
esses soldados serão enviados ao
Iraque no próximo ano.
Os EUA têm hoje cerca de 130
mil militares no Iraque, número
inferior aos cerca de 160 mil que
mantinham no país após o fim
dos principais confrontos, em
maio. Há ainda 23 mil soldados de
outros países, a maioria deles do
Reino Unido e da Polônia.
Entretanto autoridades militares já afirmaram diversas vezes
que os soldados estão operando
"em seu limite" para lidar com a
falta de segurança do país no pós-guerra. No período, 167 soldados
americanos morreram entre ataques e acidentes.
O secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, reiterou
ontem que será difícil para os
EUA conseguir apoio internacional sem a aprovação de uma nova
resolução a respeito do Iraque pela ONU -possibilidade que,
diante de impasses políticos acentuados nas últimas semanas, começa a se tornar remota.
"Acho que podemos estimar algo entre 0 e 10 mil ou 15 mil [soldados estrangeiros]", afirmou
Rumsfeld. Em dois dias de encontros na Assembléia Geral da ONU,
o presidente George W. Bush não
recebeu ofertas de colaboração.
Forças iraquianas
Enquanto não aumentam seu
próprio contingente, os EUA,
que, após a ocupação, dissolveram o Exército do Iraque, ampliam a colaboração com os iraquianos. Nos planos de Washington está uma tropa paramilitar
com 11 mil homens que, usando
armamento leve, deve auxiliar os
americanos em ações de busca.
Além disso, a administração
americana pretende, até agosto de
2004, ter três divisões do que chama de "Novo Exército Iraquiano"
totalmente operantes, o que somaria um contingente de 40 mil.
Os primeiros 4.000 soldados já estão em treinamento.
Washington também planeja,
segundo um documento obtido
pela agência Reuters, criar uma
força especial para proteger a indústria petroleira iraquiana, cuja
infra-estrutura é um frequente alvo de sabotadores.
Os EUA esperam que até o meio
de 2004 a produção de petróleo
do Iraque, que possui a segunda
maior reserva do mundo, atinja 3
milhões de barris diários. Antes
da guerra, devido às limitações
impostas pelas sanções da ONU,
essa produção era de 2,1 milhões
de barris diários.
A verba extra de US$ 87 bilhões
para a reconstrução do Iraque e
do Afeganistão solicitada pela Casa Branca ao Congresso prevê o
investimento de US$ 5,1 bilhões
em segurança iraquiana.
Ontem, Rumsfeld defendeu o
pedido ante a Comissão de Alocação de Recursos do Senado. Já o
vice-presidente Dick Cheney circulou pelo Congresso fazendo o
mesmo entre deputados e senadores governistas. Até agora, os
EUA vêm desembolsando em
média US$ 4 bilhões por mês com
a operação iraquiana.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Bush e Schröder dizem ter superado crise Próximo Texto: Estudo liga falha diplomática a aversão aos EUA Índice
|