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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Sem obter apoio internacional, EUA podem começar a mobilizar soldados adicionais a partir de outubro

Pentágono planeja convocar mais tropas

DA REDAÇÃO

A dificuldade em obter a colaboração de outras potências militares além do Reino Unido no processo de reconstrução do Iraque está levando os EUA a redefinir estratégias.
Depois de estender, há duas semanas, o tempo de serviço de 20 mil reservistas e membros da Guarda Nacional que já estão no país, Washington agora deve convocar novos membros dessas duas forças, afirmou ontem o general Peter Pace, vice-chefe do Estado Maior americano.
Embora o governo ainda espere a colaboração de países como a Turquia e o Paquistão, os estrategistas militares já não contam mais com a hipótese.
"Expectativa não é plano", disse Pace. "Acho que, entre o fim de outubro e o início de novembro, já devemos começar a alertar essas forças, para que elas possam se preparar para a convocação, caso não tenhamos nada especificado sobre uma terceira força na coalizão", disse. Se convocados, esses soldados serão enviados ao Iraque no próximo ano.
Os EUA têm hoje cerca de 130 mil militares no Iraque, número inferior aos cerca de 160 mil que mantinham no país após o fim dos principais confrontos, em maio. Há ainda 23 mil soldados de outros países, a maioria deles do Reino Unido e da Polônia.
Entretanto autoridades militares já afirmaram diversas vezes que os soldados estão operando "em seu limite" para lidar com a falta de segurança do país no pós-guerra. No período, 167 soldados americanos morreram entre ataques e acidentes.
O secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, reiterou ontem que será difícil para os EUA conseguir apoio internacional sem a aprovação de uma nova resolução a respeito do Iraque pela ONU -possibilidade que, diante de impasses políticos acentuados nas últimas semanas, começa a se tornar remota.
"Acho que podemos estimar algo entre 0 e 10 mil ou 15 mil [soldados estrangeiros]", afirmou Rumsfeld. Em dois dias de encontros na Assembléia Geral da ONU, o presidente George W. Bush não recebeu ofertas de colaboração.

Forças iraquianas
Enquanto não aumentam seu próprio contingente, os EUA, que, após a ocupação, dissolveram o Exército do Iraque, ampliam a colaboração com os iraquianos. Nos planos de Washington está uma tropa paramilitar com 11 mil homens que, usando armamento leve, deve auxiliar os americanos em ações de busca.
Além disso, a administração americana pretende, até agosto de 2004, ter três divisões do que chama de "Novo Exército Iraquiano" totalmente operantes, o que somaria um contingente de 40 mil. Os primeiros 4.000 soldados já estão em treinamento.
Washington também planeja, segundo um documento obtido pela agência Reuters, criar uma força especial para proteger a indústria petroleira iraquiana, cuja infra-estrutura é um frequente alvo de sabotadores.
Os EUA esperam que até o meio de 2004 a produção de petróleo do Iraque, que possui a segunda maior reserva do mundo, atinja 3 milhões de barris diários. Antes da guerra, devido às limitações impostas pelas sanções da ONU, essa produção era de 2,1 milhões de barris diários.
A verba extra de US$ 87 bilhões para a reconstrução do Iraque e do Afeganistão solicitada pela Casa Branca ao Congresso prevê o investimento de US$ 5,1 bilhões em segurança iraquiana.
Ontem, Rumsfeld defendeu o pedido ante a Comissão de Alocação de Recursos do Senado. Já o vice-presidente Dick Cheney circulou pelo Congresso fazendo o mesmo entre deputados e senadores governistas. Até agora, os EUA vêm desembolsando em média US$ 4 bilhões por mês com a operação iraquiana.


Com agências internacionais

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