São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Violência e seqüestros levam empresas de mídia de França, Alemanha e Espanha a retirar seus correspondentes

Jornalistas europeus abandonam Iraque

DA REDAÇÃO

A ARD, maior rede de TV e rádio da Alemanha, anunciou que irá retirar seus dois correspondentes do Iraque após ter recebido alerta do governo de que jornalistas do país poderão se tornar alvo de seqüestradores. Ontem foi anunciado que mais seis egípcios e quatro iraquianos foram capturados por insurgentes nos últimos dois dias.
Até este mês, a captura de estrangeiros acontecia quase sempre de forma aleatória e improvisada, em ações desenvolvidas nas perigosas estradas iraquianas. Os últimos seqüestros, porém, mostram que essas operações estão ficando com um grau de planejamento maior.
"A retirada temporária de nosso correspondente está sendo preparada", disse uma porta-voz da Suedwestrundfunk, a emissora regional que cuida da cobertura do conflito no Iraque para a ARD. Um porta-voz de outra emissora da ARD informou que o correspondente de rádio da rede irá retornar hoje a Amã (Jordânia), onde permanecerá por tempo indeterminado.
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha não se manifestou sobre o assunto ontem, mas na semana passada já havia reforçado o alerta feito em março de 2003 -mês em que os EUA invadiram o Iraque para derrubar o ex-ditador Saddam Hussein.
A Espanha recomendou à imprensa do país que retirasse seus jornalistas do Iraque, de acordo com notícia divulgada no site do jornal "El Mundo". Um jornalista da Efe disse que a agência de notícias espanhola mandou seu correspondente abandonar o Iraque.
Na quarta-feira, a rede de TV francesa TF1, a principal do país, decidiu não mais manter jornalistas no país. Anteontem, a decisão foi seguida pela France 3. Dois repórteres franceses permanecem seqüestrados há mais de um mês.
A França e a Alemanha foram os principais opositores à decisão dos Estados Unidos de invadir o Iraque. A Espanha se juntou ao grupo após a vitória do socialista José Luis Rodríguez Zapatero nas eleições parlamentares de março.

Egípcios seqüestrados
Em duas operações, realizadas quarta e quinta-feira, seqüestradores capturaram seis egípcios e quatro iraquianos que trabalhavam para uma empresa de telefonia celular iraquiana.
Anteontem à noite, homens armados invadiram a empresa em Bagdá e levaram dois egípcios. Os seqüestradores colocaram os dois engenheiros em uma BMW preta e saíram em disparada.
Os outros oito haviam sido seqüestrados no dia anterior, enquanto trabalhavam em Fallujah (50 km a oeste de Bagdá).
"Os seqüestrados foram para o Iraque ajudar nos esforços da construção de um novo Iraque", disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Egito, que informou estar se esforçando para libertar os reféns.
As famílias das italianas Simona Pari e Simona Torreta, que trabalhavam em uma agência humanitária em Bagdá, ganharam novas esperanças com o anúncio feito pela rede de TV Al Arabiya de que dois iraquianos supostamente relacionados com o seqüestro das duas haviam sido capturados. A morte delas havia sido anunciada na quarta-feira, mas até agora não houve confirmação.

Bombardeio em Fallujah
Aeronaves americanas fizeram novos bombardeios contra supostos esconderijos de seguidores do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi em Fallujah, foco da insurgência sunita. Em Bagdá, quatro pessoas morreram com a explosão de um morteiro. A embaixada italiana também foi atacada com morteiros -segundo a Chancelaria italiana, três iraquianos sofreram ferimentos leves. Em Beiji, ao norte da capital, sabotares fizeram novo ataque à rede de oleodutos que serve à refinaria da cidade.
A Marinha dos EUA comunicou ontem que três integrantes da equipe de elite Seal foram acusados de cometer abusos contra prisioneiros no Iraque. Quatro outros marinheiros da Seal já haviam recebido a mesma acusação no início do mês.


Com agências internacionais


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