São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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Seqüestro de britânico aumenta pressão sobre Blair

DA REDAÇÃO

O seqüestro do britânico Kenneth Bigley no Iraque está aumentando a pressão sobre o premiê, Tony Blair, ao recolocar a guerra na pauta política às vésperas da convenção anual de seu partido.
A intenção do governo era concentrar a convenção do Partido Trabalhista, que abre no domingo em Brighton (sudeste), em problemas domésticos. Mas analistas avaliam que o seqüestro expôs ainda mais os erros da política britânica para o Iraque, forçando uma resposta do premiê.
Com a popularidade despencando desde o início da guerra, Blair passou os últimos dias fechado na residência de campo do governo, calculando seu discurso.
Bigley, 62, e os americanos Eugene Armstrong e Jack Hensley foram seqüestrados na semana passada por um grupo terrorista comandado pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, que tem vínculos com a Al Qaeda. Os terroristas decapitaram os americanos e ameaçam matar Bigley caso não sejam soltas as mulheres presas no Iraque.
Mesmo após os apelos diretos feitos a ele pela família e pelo próprio refém, Blair tem mantido silêncio. A imprensa britânica vem comparando seu comportamento ao do presidente francês, Jacques Chirac, que fez apelos públicos pela soltura dos dois jornalistas franceses seqüestrados, que, porém, permanecem reféns.
"Quem mais tem ajudado é a Al Jazira [rede de TV árabe do Qatar]. De alguma maneira, com seus contatos, eles me deram acesso indireto aos terroristas", disse Paul Bigley, irmão do refém.
Quebrando o silêncio oficial, o premiê irlandês, Bertie Ahern, fez ontem um apelo pela libertação de Bigley, cuja família é de origem irlandesa, pela Al Jazira.
A pedido da família, a embaixada britânica em Bagdá distribuiu ontem 50 mil panfletos pela cidade pedindo informações sobre o refém. Com uma foto de Bigley, um telefone para contato, os panfletos dizem, em árabe: "Este é um apelo pessoal de uma família cujo filho está desaparecido. Um homem de família chamado Bigley está sendo mantido em algum lugar de sua comunidade."
"A mãe, os irmãos, a mulher e o filho de Ken o amam. Estamos apelando pela sua ajuda. Apelamos para que aqueles que tenham levado Ken devolvam-no para nós. Você sabe onde ele está?"
Neste final de semana, uma delegação do Conselho Muçulmano do Reino Unido viaja para Bagdá para se encontrar com clérigos sunitas com ligações com terroristas iraquianos, numa tentativa de salvar o refém.
"Sejam misericordiosos. Nossa religião não permite que façamos mal ao inocente. É a mensagem que levaremos a Bagdá", disse o secretário-geral Iqbal Sacraine.


Com agências internacionais

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