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Obama reage a iraniano, que pede apuração de 11/9
Para americano, sugestão de que ataques foram forjados é "detestável"
Bate-boca volta a levar tensão à relação entre os 2 países, após alguns sinais de aproximação nas últimas semanas
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
Após acenos de lado a lado
nos últimos dias, a relação
entre EUA e Irã voltou a ficar
tensa ontem.
Em uma entrevista à BBC,
o presidente dos EUA, Barack Obama, considerou "detestável e ofensiva" a sugestão do iraniano Mahmoud
Ahmadinejad de que o governo norte-americano orquestrou os ataques de 11 de setembro de 2001.
As declarações dadas anteontem pelo iraniano à Assembleia Geral da ONU levaram uma dezena de diplomatas a abandonar o local.
Ahmadinejad disse que
muitos acreditam que o ataque foi forjado para reverter o
declínio da economia norte-americana.
"Foi ofensivo. Foi detestável. E, em particular, por ele
fazer essa declaração em Manhattan, um pouco ao norte
do Marco Zero [local dos ataques], onde famílias perderam entes queridos. Foi indesculpável", disse Obama.
O ministro das Relações
Exteriores do Brasil, Celso
Amorim, também criticou as
declarações de Ahmadinejad. "São expressões retóricas com as quais obviamente
não concordamos", afirmou.
O iraniano, ontem, não recuou. Ao contrário, foi ainda
mais direto, pedindo uma comissão para investigar os
atentados, que derrubaram
as Torres Gêmeas em Nova
York e danificaram o Pentágono, em Washington.
"Vocês não acham que
chegou a hora de se criar um
comitê de investigação?",
perguntou a jornalistas.
MORDE E ASSOPRA
Sua retórica, no entanto, é
a do morde e assopra. Ahmadinejad afirmou continuar
disposto a voltar à mesa de
negociações sobre o programa nuclear iraniano.
Segundo ele, um representante do Irã se reunirá no mês
que vem com o Conselho de
Segurança da ONU (EUA,
Rússia, China, França e Reino Unido), mais Alemanha
(chamado de grupo P5+1),
para retomar o diálogo.
Ahmadinejad voltou a afirmar que poderá interromper
o enriquecimento de urânio
caso esse material seja fornecido por outros países.
O iraniano diz que o enriquecimento é para fins médicos, mas as potências temem
que o objetivo seja militar.
Na semana passada, o Irã
libertou a norte-americana
Sarah Shourd, que era acusada de espionagem, no que foi
visto como gesto de boa vontade aos americanos. Ontem,
ela se reuniu com Ahmadinejad em Nova York.
Em retribuição, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, solidarizou-se
com vítimas de um atentado
no Irã que deixou 12 mortos.
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