São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2010

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Obama reage a iraniano, que pede apuração de 11/9

Para americano, sugestão de que ataques foram forjados é "detestável"

Bate-boca volta a levar tensão à relação entre os 2 países, após alguns sinais de aproximação nas últimas semanas

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

Após acenos de lado a lado nos últimos dias, a relação entre EUA e Irã voltou a ficar tensa ontem.
Em uma entrevista à BBC, o presidente dos EUA, Barack Obama, considerou "detestável e ofensiva" a sugestão do iraniano Mahmoud Ahmadinejad de que o governo norte-americano orquestrou os ataques de 11 de setembro de 2001.
As declarações dadas anteontem pelo iraniano à Assembleia Geral da ONU levaram uma dezena de diplomatas a abandonar o local.
Ahmadinejad disse que muitos acreditam que o ataque foi forjado para reverter o declínio da economia norte-americana.
"Foi ofensivo. Foi detestável. E, em particular, por ele fazer essa declaração em Manhattan, um pouco ao norte do Marco Zero [local dos ataques], onde famílias perderam entes queridos. Foi indesculpável", disse Obama.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, também criticou as declarações de Ahmadinejad. "São expressões retóricas com as quais obviamente não concordamos", afirmou.
O iraniano, ontem, não recuou. Ao contrário, foi ainda mais direto, pedindo uma comissão para investigar os atentados, que derrubaram as Torres Gêmeas em Nova York e danificaram o Pentágono, em Washington.
"Vocês não acham que chegou a hora de se criar um comitê de investigação?", perguntou a jornalistas.

MORDE E ASSOPRA
Sua retórica, no entanto, é a do morde e assopra. Ahmadinejad afirmou continuar disposto a voltar à mesa de negociações sobre o programa nuclear iraniano.
Segundo ele, um representante do Irã se reunirá no mês que vem com o Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido), mais Alemanha (chamado de grupo P5+1), para retomar o diálogo.
Ahmadinejad voltou a afirmar que poderá interromper o enriquecimento de urânio caso esse material seja fornecido por outros países.
O iraniano diz que o enriquecimento é para fins médicos, mas as potências temem que o objetivo seja militar.
Na semana passada, o Irã libertou a norte-americana Sarah Shourd, que era acusada de espionagem, no que foi visto como gesto de boa vontade aos americanos. Ontem, ela se reuniu com Ahmadinejad em Nova York.
Em retribuição, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, solidarizou-se com vítimas de um atentado no Irã que deixou 12 mortos.


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