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Chávez promove maratonas e promete "demolir" opositores
Presidente faz dezenas de caravanas, em horário de expediente, e instrui eleitores para pleito
Oposicionistas também tentam puxar votos com ações de última hora para recuperar assentos na Assembleia Nacional
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Oswaldo Manturano, 28,
foi de passeata em passeata
-do governo Hugo Chávez e
da oposição- vendendo
bandeiras da Venezuela e
chapéus para os eleitores.
Por seu termômetro, diz,
são os governistas que vão
arrasar nas eleições legislativas de amanhã.
"Olha quanta gente aqui.
Na deles tem menos gente.
Eles não se cansam de perder", dizia Manturano sobre
os opositores, enquanto o caminhão aberto que levava
Chávez em cima ia se distanciando no mar vermelho em
que se transformou a populosa Catia, no oeste de Caracas.
Era quarta-feira, ao meio-dia, e o presidente venezuelano estava em mais uma das
maratônicas caravanas que
fez nas últimas semanas para
promover seus candidatos à
Assembleia Nacional. Só na
quarta, foram três, em três
Estados diferentes.
Quando a marcha chegou
à praça O'Leary, no centro,
chuviscava, e Chávez, rouco,
tomou o microfone para prometer mais uma vez que os
governistas vão "demolir" os
opositores nas urnas.
Com punho fechado, prometia "bater duro", e a multidão coalhada de funcionários públicos -da petrolífera
PDVSA às agentes dos programas sociais- repetia.
Nas bordas da marcha, os
chavistas da zona prometiam
voto. Manturano falou que
vai votar no governo porque
é o melhor que o país já teve.
A mulher dele recebe renda de um programa social, o
"mães da favela", que é 80%
de um salário mínimo (pouco
mais de US$ 180, no mais alto câmbio oficial) .
O pintor de carros Daniel
Esculpi, 47, lembrava que,
por causa de Chávez, voltou
a estudar em uma das universidades populares criadas
pelo governo, e em três anos
será advogado.
DEMOLIÇÃO
Com as maratonas transmitidas pela TV estatal e dinheiro para espalhar quatro
jingles distintos pelos canais
privados, a campanha do governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela)
é bastante mais presente que
a opositora.
Para alcançar a meta de ter
2/3 dos 165 deputados a serem eleitos, Chávez lançou
uma estratégia recheada de
retórica militar: o PSUV foi
dividido em "patrulhas" e
"comandos de batalha".
O presidente vem martelando a chamada "Operação
Demolição", a ser aplicada
amanhã. Não falta chamado
a traslado de eleitores -desde que não use carro oficial,
não é crime- e até comida,
sob o nome "logística".
"Logística: disse Napoleão
Bonaparte: "Os Exércitos caminham sobre seus estômagos". Aqui requer prever tudo, com luxo de detalhes",
escreveu Chávez.
A oposição também usa a
máquina estatal de que dispõe. O governador de Miranda, Henrique Capriles, 38,
entrou em cheio na campanha e também promete dinheiro vivo a moradores de
casebres. Mas a disparidade
de recursos angustia os simpáticos à oposição.
"Nesse momento, o melhor investimento é em política, em partidos, em democracia. Há investimentos que
se pode fazer de última hora", escreveu o jornalista
Juan Carlos Zapata. Tudo para a "logística".
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