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Dono de jornal diz que casal Kirchner pagou testemunha
Julio Saguier, do diário "La Nación", acusa governo argentino de comprar depoimento por US$ 200 mil
Cristina acusa donos de jornais de crimes contra humanidade em razão da compra de empresa de papel nos anos 70
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
O presidente da empresa
que controla o jornal argentino "La Nación", Julio Saguier, acusa o governo da
presidente Cristina Kirchner
de compra de testemunhas
para construir sua versão sobre a negociação da empresa
Papel Prensa, em 1976.
A acusação será formalizada na semana que vem, em
um depoimento por escrito a
ser entregue à Justiça.
Na última terça-feira, o governo denunciou formalmente os dirigentes do "La
Nación" e do "Clarín" de terem cometido crimes contra
a humanidade ao comprar
ações da empresa, que pertenciam à família Graiver, vítima da ditadura militar
(1976-1983).
A Papel Prensa fornece
75% do papel-jornal consumido na Argentina e hoje
pertence aos dois jornais
acusados e ao Estado.
Na disputa judicial que envolve a empresa, há contradições entre as versões de integrantes da família Graiver.
A principal testemunha do
lado do governo é Lidia Papaleo, viúva de David Graiver, que administrava os negócios da família.
Lidia afirma que foi pressionada por militares e ameaçada pelos dirigentes dos jornais para que assinasse documentos que resultaram na
transferência das ações.
CAFEZINHO
No depoimento que entregará à Justiça, o presidente
do "La Nación" afirma que
encontrou Lidia em maio
deste ano para um café.
Na ocasião, ela teria dito
que integrantes do governo
ofereceram US$ 200 mil para
que o apoiasse na disputa.
Caso a "operação" fosse
bem sucedida, o governo argentino pagaria no total US$
2 milhões à viúva.
As negociações teriam
ocorrido na sede do governo
e teriam sido comandadas
pelo ex-presidente Néstor
Kirchner, marido de Cristina,
sempre segundo o depoimento de Saguier.
Ele afirma que a viúva não
pediu segredo e que justificou a confissão dizendo que
tinha gratidão por seu pai,
ex-prefeito de Buenos Aires
que havia sido generoso com
ela no passado.
O depoimento foi registrado por Saguier diante de um
escrivão no dia 24 de agosto,
um dia antes de a presidente
Cristina anunciar publicamente que denunciaria os dirigentes dos jornais.
A Folha procurou a assessoria da Presidência argentina, mas nenhum funcionário
ligou de volta.
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