São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2010

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Dono de jornal diz que casal Kirchner pagou testemunha

Julio Saguier, do diário "La Nación", acusa governo argentino de comprar depoimento por US$ 200 mil

Cristina acusa donos de jornais de crimes contra humanidade em razão da compra de empresa de papel nos anos 70

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

O presidente da empresa que controla o jornal argentino "La Nación", Julio Saguier, acusa o governo da presidente Cristina Kirchner de compra de testemunhas para construir sua versão sobre a negociação da empresa Papel Prensa, em 1976.
A acusação será formalizada na semana que vem, em um depoimento por escrito a ser entregue à Justiça.
Na última terça-feira, o governo denunciou formalmente os dirigentes do "La Nación" e do "Clarín" de terem cometido crimes contra a humanidade ao comprar ações da empresa, que pertenciam à família Graiver, vítima da ditadura militar (1976-1983).
A Papel Prensa fornece 75% do papel-jornal consumido na Argentina e hoje pertence aos dois jornais acusados e ao Estado.
Na disputa judicial que envolve a empresa, há contradições entre as versões de integrantes da família Graiver.
A principal testemunha do lado do governo é Lidia Papaleo, viúva de David Graiver, que administrava os negócios da família.
Lidia afirma que foi pressionada por militares e ameaçada pelos dirigentes dos jornais para que assinasse documentos que resultaram na transferência das ações.

CAFEZINHO
No depoimento que entregará à Justiça, o presidente do "La Nación" afirma que encontrou Lidia em maio deste ano para um café.
Na ocasião, ela teria dito que integrantes do governo ofereceram US$ 200 mil para que o apoiasse na disputa.
Caso a "operação" fosse bem sucedida, o governo argentino pagaria no total US$ 2 milhões à viúva.
As negociações teriam ocorrido na sede do governo e teriam sido comandadas pelo ex-presidente Néstor Kirchner, marido de Cristina, sempre segundo o depoimento de Saguier.
Ele afirma que a viúva não pediu segredo e que justificou a confissão dizendo que tinha gratidão por seu pai, ex-prefeito de Buenos Aires que havia sido generoso com ela no passado.
O depoimento foi registrado por Saguier diante de um escrivão no dia 24 de agosto, um dia antes de a presidente Cristina anunciar publicamente que denunciaria os dirigentes dos jornais.
A Folha procurou a assessoria da Presidência argentina, mas nenhum funcionário ligou de volta.


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