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IRAQUE OCUPADO
Reconstrução atrai mais empréstimos que doações; números são confusos, mas superam expectativas
EUA arrecadam cerca de US$ 15 bilhões
DA REDAÇÃO
Acima das previsões iniciais,
aquém das necessidades financeiras iraquianas. O saldo da Conferência Internacional de Doadores
para a Reconstrução Iraquiana,
que terminou ontem, em Madri,
somou ao menos US$ 15 bilhões
entre empréstimos e doações pelos próximos cinco anos.
A quantia é menor do que os
US$ 35,58 bilhões previstos pelo
Banco Mundial para cobrir o custo da reconstrução entre 2004 e
2007 -mas ainda assim surpreendeu por ser cerca de cinco
vezes maior do que o valor anunciado até a véspera, diante do qual
o secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, dissera que poderia
demorar para atingir seu objetivo.
Uma surpresa veio da União
Européia, que de US$ 230 milhões
anunciados previamente elevou
sua oferta para US$ 826 milhões,
apesar da forte oposição da França e da Alemanha à guerra. Se somadas doações individuais dos 15
países-membros, o montante
chega a US$ 1,3 bilhão.
"Fossem quais fossem os desentendimentos anteriores, atingimos o consenso em torno da determinação de trabalhar com população do Iraque na construção
de um futuro melhor na região",
disse o comissário para Relações
Exteriores da UE, Chris Patten.
O Japão, que já havia doado US$
1,5 bilhão, calibrou sua contribuição com mais US$ 3,5 bilhões em
empréstimos de médio prazo.
Países árabes, que até então não
haviam contribuído, também fizeram ofertas. Os Emirados Árabes Unidos doaram US$ 215 milhões. O Irã ofereceu um acordo
de logística para a exportação de
petróleo e outro de compra do
produto em troca de gás e eletricidade -mas não esclareceu se esta
última virá da polêmica usina atômica que está construindo a despeito dos protestos americanos.
A Arábia Saudita anunciou US$
1 bilhão em financiamento. O
Kuait -invadido pelo Iraque em
1990- doou US$ 500 milhões, e
Qatar, US$ 100 milhões.
O Banco Mundial também disponibilizou entre US$ 3 bilhões e
US$ 5 bilhões em empréstimos.
Números nebulosos
"O povo iraquiano lembrará
por muito tempo da ajuda que estamos dando neste momento crucial", disse Powell no encerramento do evento, que reuniu representantes de mais de 70 países.
Com tantos governos oferecendo acordos e empréstimos, o total
arrecado em dinheiro de fato para
a reconstrução ainda é obscuro.
Os cerca de US$ 15 bilhões são um
saldo divulgado por organizadores da conferência, patrocinada
pelos EUA, e incluem condições.
Os empréstimos, em especial,
trarão mais ônus à economia de
um país cuja dívida soma US$ 125
bilhões, com juros anuais de US$
7 bilhões. "Temos que reestruturar a dívida antiga e tomar cuidado com a nova", disse Powell.
Washington já havia liberado
US$ 18,6 bilhões para a reconstrução, dinheiro que servirá para pagar despesas em áreas não cobertas pelo Banco Mundial, como petróleo e segurança. No entanto algumas das ofertas -caso da iraniana- entram nesse escopo, e
não na conta da entidade.
Além disso, muitas das doações
prevêem uma parcela para ajuda
humanitária, outra conta à margem da reconstrução.
O ministro do Planejamento
iraquiano, Mahdi Hafez, definiu o
resultado como "um excelente
começo".
Para o secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, a comunidade internacional poderá contribuir mais
quando a situação de segurança
no país melhorar. "Não devemos
julgar o sucesso da reconstrução
do Iraque pelas contribuições feitas hoje. Isso é só o começo."
Annan, que, após a sede da
ONU em Bagdá sofrer dois atentados, reduziu o quadro de funcionários no Iraque de 650 para
menos de 20 em dois meses, disse
que "o mundo mudou e a ONU
deve mudar seu modo de trabalho para proteger seus funcionários". O secretário falava de um
relatório que apontou falhas no
esquema de segurança do organismo nos dias dos incidentes.
Com agências internacionais
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