Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Governo quer legitimar
medidas impopulares
DA REDAÇÃO
O cientista político Juan Carlos
Florez, da Universidad de los Andes, não acredita que uma derrota
do presidente Álvaro Uribe no referendo o enfraqueça. Para o colunista do "El Tiempo" e conselheiro em Bogotá, o que está em
jogo é a legitimação de medidas
impopulares pela via do apelo direto à cidadania, e não no Parlamento e por decreto, como outros
países da região fizeram.
(JCB)
Folha - O sr. acha que o prestígio
político de Uribe esteja em jogo?
Juan Carlos Florez - Acho que
não, porque hoje a grande maioria dos colombianos acredita no
presidente e o apóia. Faz isso porque lhe parece que Uribe está se
saindo bem no que foi decisivo
para sua eleição: a segurança. O
referendo, em nenhuma das suas
perguntas, tem a ver com esse aspecto central do governo. O que o
povo espera de Uribe é que seja o
grande pacificador da Colômbia,
não que faça reforma política.
Para Uribe, o país terá problemas
econômicos se o "não" vencer. Isso
não dá a medida da importância
que o referendo tem para ele?
Florez - Acho que sim, para isso,
sim. Temos um grande déficit público. Uribe tem se colocado como um governante responsável e
tem insistido que organizar as finanças públicas é necessário. Porém, para a maioria, o aspecto
central é a segurança e a capacidade de enfrentar os terroristas. Não
acredito que, se o presidente perder o referendo, o país estará contra ele. Os que são contra terão
mais um argumento para criticar.
Folha - De qualquer forma, é um
teste importante para ele?
Florez - Sim. É importante para
sua capacidade de mobilizar a população para temas econômicos e
impopulares. Um aperto nos gastos normalmente se faz pela via
indireta, no Parlamento e por decreto presidencial. Uribe está apelando diretamente à cidadania.
Folha- Então, é uma forma de legitimar medidas polêmicas?
Florez - Exatamente. Em outros
países da região, quando se fez o
mesmo pela via de decretos, o resultado foi fortemente ilegítimo.
Folha - No tema da segurança,
porém, Uribe atua de outra forma?
Florez - Sim. Ele se elegeu e tem
respaldo por uma posição forte.
Folha - Se houver violência no final de semana, a situação de Uribe
nesse tema vai se complicar?
Florez - Foi convocado um grande contingente, mas um eventual
atentado prejudicará o governo.
Texto Anterior: Líder na capital trata de pacto com o governo Próximo Texto: Iraque ocupado: EUA arrecadam cerca de US$ 15 bilhões Índice
|