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EQUADOR
Com 95% dos votos apurados, o coronel Gutiérrez, comparado a Chávez, tinha 54,4% contra 45,6% do milionário Noboa
Militar de esquerda é eleito presidente
DA REDAÇÃO
O coronel da reserva Lúcio Gutiérrez (centro-esquerda), 45, é o
novo presidente do Equador.
Com 95% dos votos apurados, ele
tinha 54,4%, contra 45,6% de seu
rival, o milionário Alvaro Noboa
(centro-direita), na disputa do segundo turno das eleições presidenciais equatorianas.
Comparado ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, por ser
militar, de esquerda e ter participado de um golpe militar, e também ao presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, Gutiérrez chega ao poder prometendo tirar da pobreza milhões de
equatorianos.
"Quero unificar todas as forças
políticas e trabalhar para reduzir a
pobreza do Equador. Milhões de
equatorianos depositaram a sua
confiança em mim e não quero
decepcioná-los. Terei a cabeça
tranquila para encarar os grandes
desafios desse país", afirmou o
presidente eleito, após saber que a
sua liderança era irreversível.
O presidente do país, Gustavo
Noboa (não tem parentesco com
Alvaro Noboa), confirmou a vitória de Gutiérrez, afirmando que
"o povo equatoriano apoiou o coronel e quero respaldá-lo para o
bem do Equador".
O presidente eleito recusa as
comparações com Chávez, afirmando que, ao invés de dividir o
país, como acontece na Venezuela, irá "unificar o Equador", onde
aconteceram levantes indígenas
nos últimos anos.
Gutiérrez promete ainda que
não irá mexer na dolarização da
economia do país, adotada após
grave crise em 1999, que provocou a decretação de moratória e
colapso do sistema financeiro.
O novo presidente tinha a vitória como certa nas últimas semanas. Porém pesquisa divulgada
ontem indicava que poderia haver uma reviravolta. O coronel
aparecia com apenas um ponto
percentual a mais do que o rival. A
margem de erro de três pontos
percentuais indicava um empate
técnico. Em pesquisa anterior, do
dia 16 de novembro, ele tinha
mais do que o dobro das intenções de voto de Noboa.
Apesar de as pesquisas no
Equador terem um histórico de
imprecisão, analistas concordavam ontem que Noboa seguramente tinha ganhado pontos com
as acusações de que Gutiérrez teria agredido a sua mulher (o coronel nega a acusação). Mas o crescimento não foi suficiente para reverter o cenário e impedir a eleição do coronel.
Noboa, que foi derrotado ontem, é o homem mais rico do
Equador, sendo proprietário das
maiores fazendas de banana do
país e dono de um império de 110
empresas.
Durante a campanha, foi acusado de utilizar trabalho infantil em
suas fazendas de plantação de banana. A revelação havia sido feita
meses antes da eleição por uma
reportagem do jornal "The New
York Times". Noboa negou a acusação e apresentou na propaganda depoimentos de funcionários
de suas empresas, que se diziam
felizes com o patrão.
Denúncias
Logo após votar, Gutiérrez denunciou fraudes em três Províncias na costa sudoeste do país. Segundo o candidato, em Guayas,
Manabi e em Los Ríos, estavam
tentando comprar votos.
"As pessoas estão me dizendo:
"Lúcio, você irá vencer. Mas tome
cuidado. Eles estão tentando
comprar [as eleições""", disse o
candidato do Partido Sociedade
Patriótica (PSP). Gutiérrez pediu
que as autoridades eleitorais e observadores internacionais reforçassem a vigilância. Ele votou em
um bairro de classe média de Quito, capital do Equador. Observadores internacionais descartaram
a ocorrência de fraudes.
Noboa, após uma campanha repleta de acusações contra Gutiérrez, evitou a confrontação ontem.
Ele é do Partido Renovador Institucional de Ação Nacional
(Prian).
Os dois candidatos prometeram
na campanha que irão construir
moradias baratas para os pobres
do país, que correspondem a mais
da metade dos 12 milhões de
equatorianos.
Gutiérrez participou de um golpe em 2000 que derrubou o então
presidente Jamil Mahuad. Na ocasião, ele contou com o apoio de
indígenas e acabou tendo a sua
popularidade alavancada.
As eleições de ontem foram decididas, segundo analistas, pelos
indecisos. Os levantamentos indicavam que uma em cada quatro
pessoas não sabia em quem iria
votar. Os dois últimos presidentes
eleitos do país não terminaram o
mandato. Mahuad foi derrubado
e Abdulah Bucaram foi deposto
pelo Congresso por "não ter condições mentais de governar" em
1997, após ter sido eleito em 96.
Com agências internacionais
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