São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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ÁUSTRIA

Partido do chanceler [premiê" Schüssel obtém maioria relativa nas urnas e abre 5 pontos sobre a social-democracia

Conservadores ganham eleição; Haider sofre derrota

DA REDAÇÃO

Representante da corrente de centro direita na política austríaca, o Partido do Povo (ÖVP), do chanceler [premiê" Wolfgang Schüssel, saiu como o vencedor das eleições parlamentares realizadas ontem. Com 42,3% dos votos, obteve larga margem sobre o Partido da Liberdade (FPÖ), do líder de extrema direita Jörg Haider, que ficou com 10,2%.
Mas nada indica que Haider, um dos mais controvertidos dirigentes partidários da Europa, ficará fora do governo. Ele e seus partidários pretendem voltar a se coligar com o ÖVP, apesar de sem o mesmo cacife eleitoral que dispunham após as eleições legislativas de 1999.
O Partido Social-Democrata (SPÖ), que alimentava a esperança de voltar a governar a Áustria, recebeu 36,9% da votação. Ele foi o mais votado na eleição de 2000, mas não dispunha de maioria parlamentar e precisou ceder o governo para a coalizão entre conservadores e extrema direita.
Os resultados foram anunciados no final da noite pelo ministro do Interior Erns Strasser.
A extrema direita de Haider, que em 1999 tornou-se a segunda força política do país, sofreu séria derrota, ao perder 16 pontos percentuais. A participação de seu partido no governo criou um profundo constrangimento na União Européia, que chegou a enviar uma missão de observadores a Viena para relatar eventuais ameaças aos direitos das minorias e dos imigrantes.
Haider sempre esteve sob a suspeita de não ser partidário do pluralismo e da democracia.
Já o Partido Verde (GPÖ) obteve 8,96% dos votos. Os verdes austríacos estão mais próximos do centro. Seriam, no entanto, potenciais parceiros do centro-esquerda social-democrata.
Para os conservadores, a vitória foi histórica, pois é a primeira vez que, desde 1966, o partido passa à liderança política no país.
Em tese, o partido do chanceler Schüssel poderia refazer a aliança que por 13 anos, até 1999, manteve com a social-democracia. Mas ontem mesmo o líder social-democrata Alfred Gusenbauer disse que o fato de ter chegado em segundo lugar significava para ele ir para a oposição.
Em 1999, o ÖVP havia conseguido 26,9% dos votos e 52 das 183 cadeiras no Parlamento. Esse foi o mesmo resultado obtido pela extrema direita na época. Nessas eleições, os social-democratas chegaram a 33,2% dos votos, ocupando 65 cadeiras. Na época, o Partido Verde obteve 14 cadeiras, com 7,4% do eleitorado austríaco.
A vitória dos conservadores nas urnas é considerada um trunfo pessoal do chanceler. Ele não foi punido, conforme muitos imaginavam que ocorresse, por ter em fevereiro de 2000 assumiu o alto risco pela primeira ao fazer um governo de coalizão com um partido de extrema direita.
Em 1999, o partido de Schüssel chegou em terceiro lugar, com pouco menos de 27% dos votos.
Em setembro passado, Schüssel antecipou as eleições quando os direitistas do Partido da Liberdade deixaram o governo de coalizão. Na época, Haider forçou a demissão dos ministros que ele próprio indicara para o governo.
Haider enfrentou ainda problemas internos em seu partido, dividido entre os chamados "pragmáticos" -partidários da preservação da estrutura tributária- e aqueles que defendiam uma redução drástica dos impostos como forma de diminuir as políticas sociais tradicionalmente aplicadas no país.
A campanha dos conservadores apoiou-se na personalidade do chanceler, que procurou vender a imagem de responsável e digno de confiança, mesmo com retração na economia e a aprovação de impostos mais elevados.

Racismo e xenofobia
A extrema direita se desgastou com a situação de estagnação econômica e com as medidas impopulares adotadas pelo governo do qual fez parte. Haider não aceitava perder a condição de grande estrela da corrente. Mesmo sem ocupar um ministério, ele permaneceu, ao mesmo tempo, como um símbolo e como um estorvo para seus aliados conservadores.
O líder da extrema direita elogiou Adolf Hitler e visitou o ditador Saddam Hussein.


Com agências internacionais


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