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ÁUSTRIA
Partido do chanceler [premiê" Schüssel obtém maioria relativa nas urnas e abre 5 pontos sobre a social-democracia
Conservadores ganham eleição; Haider sofre derrota
DA REDAÇÃO
Representante da corrente de
centro direita na política austríaca, o Partido do Povo (ÖVP), do
chanceler [premiê" Wolfgang
Schüssel, saiu como o vencedor
das eleições parlamentares realizadas ontem. Com 42,3% dos votos, obteve larga margem sobre o
Partido da Liberdade (FPÖ), do líder de extrema direita Jörg Haider, que ficou com 10,2%.
Mas nada indica que Haider,
um dos mais controvertidos dirigentes partidários da Europa, ficará fora do governo. Ele e seus
partidários pretendem voltar a se
coligar com o ÖVP, apesar de sem
o mesmo cacife eleitoral que dispunham após as eleições legislativas de 1999.
O Partido Social-Democrata
(SPÖ), que alimentava a esperança de voltar a governar a Áustria,
recebeu 36,9% da votação. Ele foi
o mais votado na eleição de 2000,
mas não dispunha de maioria
parlamentar e precisou ceder o
governo para a coalizão entre
conservadores e extrema direita.
Os resultados foram anunciados no final da noite pelo ministro
do Interior Erns Strasser.
A extrema direita de Haider,
que em 1999 tornou-se a segunda
força política do país, sofreu séria
derrota, ao perder 16 pontos percentuais. A participação de seu
partido no governo criou um profundo constrangimento na União
Européia, que chegou a enviar
uma missão de observadores a
Viena para relatar eventuais
ameaças aos direitos das minorias
e dos imigrantes.
Haider sempre esteve sob a suspeita de não ser partidário do pluralismo e da democracia.
Já o Partido Verde (GPÖ) obteve 8,96% dos votos. Os verdes
austríacos estão mais próximos
do centro. Seriam, no entanto, potenciais parceiros do centro-esquerda social-democrata.
Para os conservadores, a vitória
foi histórica, pois é a primeira vez
que, desde 1966, o partido passa à
liderança política no país.
Em tese, o partido do chanceler
Schüssel poderia refazer a aliança
que por 13 anos, até 1999, manteve
com a social-democracia. Mas
ontem mesmo o líder social-democrata Alfred Gusenbauer disse
que o fato de ter chegado em segundo lugar significava para ele ir
para a oposição.
Em 1999, o ÖVP havia conseguido 26,9% dos votos e 52 das 183
cadeiras no Parlamento. Esse foi o
mesmo resultado obtido pela extrema direita na época. Nessas
eleições, os social-democratas
chegaram a 33,2% dos votos, ocupando 65 cadeiras. Na época, o
Partido Verde obteve 14 cadeiras,
com 7,4% do eleitorado austríaco.
A vitória dos conservadores nas
urnas é considerada um trunfo
pessoal do chanceler. Ele não foi
punido, conforme muitos imaginavam que ocorresse, por ter em
fevereiro de 2000 assumiu o alto
risco pela primeira ao fazer um
governo de coalizão com um partido de extrema direita.
Em 1999, o partido de Schüssel
chegou em terceiro lugar, com
pouco menos de 27% dos votos.
Em setembro passado, Schüssel
antecipou as eleições quando os
direitistas do Partido da Liberdade deixaram o governo de coalizão. Na época, Haider forçou a
demissão dos ministros que ele
próprio indicara para o governo.
Haider enfrentou ainda problemas internos em seu partido, dividido entre os chamados "pragmáticos" -partidários da preservação da estrutura tributária- e
aqueles que defendiam uma redução drástica dos impostos como forma de diminuir as políticas
sociais tradicionalmente aplicadas no país.
A campanha dos conservadores
apoiou-se na personalidade do
chanceler, que procurou vender a
imagem de responsável e digno
de confiança, mesmo com retração na economia e a aprovação de
impostos mais elevados.
Racismo e xenofobia
A extrema direita se desgastou
com a situação de estagnação econômica e com as medidas impopulares adotadas pelo governo do
qual fez parte. Haider não aceitava perder a condição de grande
estrela da corrente. Mesmo sem
ocupar um ministério, ele permaneceu, ao mesmo tempo, como
um símbolo e como um estorvo
para seus aliados conservadores.
O líder da extrema direita elogiou Adolf Hitler e visitou o ditador Saddam Hussein.
Com agências internacionais
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