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CHILE
Ditadura volta a ser discutida com denúncia de que militares jogaram corpos de 400 a 500 presos políticos no mar
Pinochet faz 88 e diz que é "anjo bom"
DA REDAÇÃO
O ex-ditador chileno Augusto
Pinochet, que completa hoje 88
anos, disse, em entrevista que seria transmitida ontem à noite por
uma TV de Miami, que nunca
mandou matar seus opositores e
que não pedirá perdão às vítimas
do regime que chefiou.
Os excessos cometidos durante
o período em que Pinochet esteve
no comando do país (1973-1990)
voltaram a ser debatidos após o
jornal "La Nación" ter divulgado
no domingo reportagem em que
afirma que as forças de repressão
jogaram no mar os corpos de 400
a 500 opositores.
Segundo adiantou Luis Suárez,
produtor do canal 22 WDLP, Pinochet declarou ser ele quem deveria receber um pedido de perdão, pelo atentado que sofreu em
setembro de 1986.
Na entrevista de uma hora, Pinochet afirma que se vê como um
"anjo bom" e que nunca quis matar ninguém porque antes de tudo
é um cristão. Disse que "faria tudo
de novo" e que, por sua causa, o
país "foi para a frente". Afirmou
ainda que não se sente um ditador, porque os ditadores sempre
acabam mal e ele está "em paz em
seu lar no final de sua vida".
As declarações de Pinochet provocaram a reação de seu porta-voz, o general aposentado Guillermo Garín: "Sabe-se que ele
não tem condições de enfrentar
esse tipo de entrevista e as eventuais réplicas que possam surgir".
O porta-voz informou que o ex-ditador está sob cuidados médicos permanentes e que a única comemoração de seu aniversário será um almoço familiar. A sua saúde está abalada devido a uma série
de complicações em razão de diabetes e de uma "demência moderada", que foi a causa alegada pela
Justiça chilena para dispensá-lo
de enfrentar processos por violações dos direitos humanos, em julho de 2001. O arquivamento final
do processo ocorreu em 2002.
Novas ações contra ele vêm sendo
rechaçadas pela Justiça.
Jogados ao mar
No domingo, o jornal "La Nación" publicou reportagem em
que afirma que de 400 a 500 presos políticos assassinados tiveram
seus corpos lançados ao mar.
Segundo o jornal, a informação
foi apurada pelo juiz Juan Guzmán Tapia, que interrogou os tripulantes dos helicópteros que teriam feito a operação entre 1974 e
1978. A notícia vem se somar a
testemunhos anteriores e a um relatório das Forças Armadas entregue ao presidente Ricardo Lagos,
em janeiro de 2001, no qual elas
admitiam que centenas de presos
haviam sido jogados no mar.
A ditadura chilena é responsabilizada pela morte ou desaparecimento de mais de 3.000 opositores políticos. Os defensores do regime afirmam que travaram uma
guerra contra grupos armados e
que dezenas de militares foram
mortos por grupos de esquerda.
Com agências internacionais
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