São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

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Ex-secretário de Clinton paira sobre nova equipe econômica

DE NOVA YORK

Mais do que um retorno ao clintonismo, as escolhas confirmadas por Barack Obama ontem indicam influência das políticas do ex-secretário do Tesouro (1995-1999) Robert Rubin, que aconselhou o presidente eleito na campanha.
Tanto Timothy Geithner quanto Lawrence Summers foram em certa medida treinados por Rubin e seguem sua cartilha econômica, que tradicionalmente prega o equilíbrio fiscal, o livre comércio e a desregulamentação financeira.
A expectativa, porém, é que a abordagem seja adaptada às dificuldades atuais. Em particular, a atenção se volta à desregulamentação, algo que Obama prometeu reverter e que é vista em parte como raiz da crise. O "New York Times" relatou no sábado que Rubin está profundamente envolvido com as escolhas que causaram problemas no Citigroup, do qual é diretor, o que se soma às dúvidas sobre suas políticas.
Com ou sem Rubin, a atuação em geral centrista de Geithner e Summers tem suas próprias controvérsias.
Como presidente do Fed nova-iorquino, Geithner, 47, participou dos acordos do governo com a megasseguradora AIG (cujo resgate ultrapassa US$ 100 bilhões) e com o banco Bear Sterns, em março. "É claro que os mercados estão contentes", afirmou à Folha David Epstein, diretor do Centro de Políticas Econômicas da Universidade Columbia. "Querem alguém disposto a dar mais dinheiro para resgates, o que me preocupa muito."
Mas, para John Coffee, ex-conselheiro legal da Bolsa de Valores de Nova York e da SEC (agência que regulamenta os mercados), a escolha "reduz a incerteza dos mercados" por se tratar de alguém "sensato, que já está lidando com a crise e que não trará nenhuma grande mudança". "Geithner é estável e previsível", afirma.
Summers, que também era cotado para o Tesouro, é um nome mais polêmico. "Ele é mais volátil e menos previsível. Não se sabe como ele vai trabalhar com o Congresso. Mas Summers e Geithner se conhecem bem e não haverá grandes discordâncias", disse Coffee.
"Ele não trabalha bem em grupo; por isso é seu protegido, e não ele, quem liderará o Tesouro", completa Epstein.
O nome de Melody Barnes, que será diretora do Conselho de Políticas Domésticas também traz questionamentos. Ela trabalhou para a firma lobista Raben Group entre 2003 e 2004 -algo que o presidente eleito afirmou que vetaria em sua equipe- e atualmente é vice-presidente de políticas do think-tank esquerdista Centro para o Progresso Americano (CAP). Obama escolheu uma série de membros do CAP para seu governo, denotando a influência do grupo.
Já Christina Romer, uma escolha mais segura, é professora de macroeconomia da Universidade da Califórnia em Berkeley e estudou em profundidade a recuperação americana após a Grande Depressão. (AM)


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