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Ex-secretário de Clinton paira sobre nova equipe econômica
DE NOVA YORK
Mais do que um retorno ao
clintonismo, as escolhas confirmadas por Barack Obama
ontem indicam influência das
políticas do ex-secretário do
Tesouro (1995-1999) Robert
Rubin, que aconselhou o presidente eleito na campanha.
Tanto Timothy Geithner
quanto Lawrence Summers foram em certa medida treinados
por Rubin e seguem sua cartilha econômica, que tradicionalmente prega o equilíbrio fiscal,
o livre comércio e a desregulamentação financeira.
A expectativa, porém, é que a
abordagem seja adaptada às dificuldades atuais. Em particular, a atenção se volta à desregulamentação, algo que Obama
prometeu reverter e que é vista
em parte como raiz da crise. O
"New York Times" relatou no
sábado que Rubin está profundamente envolvido com as escolhas que causaram problemas no Citigroup, do qual é diretor, o que se soma às dúvidas
sobre suas políticas.
Com ou sem Rubin, a atuação
em geral centrista de Geithner
e Summers tem suas próprias
controvérsias.
Como presidente do Fed nova-iorquino, Geithner, 47, participou dos acordos do governo
com a megasseguradora AIG
(cujo resgate ultrapassa US$
100 bilhões) e com o banco
Bear Sterns, em março. "É claro
que os mercados estão contentes", afirmou à Folha David
Epstein, diretor do Centro de
Políticas Econômicas da Universidade Columbia. "Querem
alguém disposto a dar mais dinheiro para resgates, o que me
preocupa muito."
Mas, para John Coffee, ex-conselheiro legal da Bolsa de
Valores de Nova York e da SEC
(agência que regulamenta os
mercados), a escolha "reduz a
incerteza dos mercados" por se
tratar de alguém "sensato, que
já está lidando com a crise e
que não trará nenhuma grande
mudança". "Geithner é estável
e previsível", afirma.
Summers, que também era
cotado para o Tesouro, é um
nome mais polêmico. "Ele é
mais volátil e menos previsível.
Não se sabe como ele vai trabalhar com o Congresso. Mas
Summers e Geithner se conhecem bem e não haverá grandes
discordâncias", disse Coffee.
"Ele não trabalha bem em
grupo; por isso é seu protegido,
e não ele, quem liderará o Tesouro", completa Epstein.
O nome de Melody Barnes,
que será diretora do Conselho
de Políticas Domésticas também traz questionamentos. Ela
trabalhou para a firma lobista
Raben Group entre 2003 e
2004 -algo que o presidente
eleito afirmou que vetaria em
sua equipe- e atualmente é vice-presidente de políticas do
think-tank esquerdista Centro
para o Progresso Americano
(CAP). Obama escolheu uma
série de membros do CAP para
seu governo, denotando a influência do grupo.
Já Christina Romer, uma escolha mais segura, é professora
de macroeconomia da Universidade da Califórnia em Berkeley e estudou em profundidade
a recuperação americana após
a Grande Depressão.
(AM)
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