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A CAMINHO DO VATICANO
Italiano faz filme sobre Karol Wojtyla antes de ser papa
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O diretor italiano Giacomo Battiato terminou de rodar em setembro último o filme "A História
de Karol", baseado no livro homônimo do vaticanista Gianfranco Svidercoschi, sobre a vida do
papa João Paulo 2º dos anos 30,
em Wadowice, na Polônia, quando o pequeno Karol Wojtyla tinha
dez anos, até o dia 16 de outubro
de 1978, quando se tornou papa.
Durante as filmagens, o diretor
e o ator polonês Piotr Adamczyk,
32, que interpreta João Paulo 2º,
tiveram a oportunidade de encontrar o papa no Vaticano.
"Quando soube que ia conversar com ele, um herói nacional
polonês, fiquei muito feliz. Queria
fazer diversas perguntas, mas fiquei tão emocionado que não pude dizer nada, o que já ocorrera
antes", admitiu Adamczyk à Folha.
João Paulo 2º, por sua vez, mostrou humor e humildade durante
o encontro. "Vocês estão loucos!
Fazer um filme sobre minha vida... O que fiz de tão importante?", perguntou o papa a seus convidados, segundo Pietro Valsecchi, produtor da obra, que terá
dois episódios de cem minutos.
Esta, que será veiculada pela rede de TV italiana Canale 5, em
abril, antes de ser distribuída para
outros países, teve orçamento de
10 milhões, 70% financiados pelo grupo Mediaset, que pertence
ao megaempresário e premiê da
Itália, Silvio Berlusconi.
Além de Adamczyk, o longa
contará com atuações do diretor
britânico Ken Loach, autor dos
premiados "Terra e Liberdade"
(1995) e "Pão e Rosas" (2000), da
atriz italiana Claudia Pandolfi e do
ator búlgaro Hristo Shopov, que
interpretou Pilatos em "A Paixão
de Cristo", de Mel Gibson. A trilha
sonora foi composta pelo consagrado Ennio Morricone.
Para o ator polonês, interpretar
João Paulo 2º, "um gênio", constituiu uma tarefa complexa, todavia
as instruções do diretor foram essenciais. "Busquei seguir o que o
fantástico Giacomo Battiato me
dizia, além de tentar passar aos expectadores a dimensão do caráter
do papa. Mas não tentei copiá-lo
fielmente", explicou Adamczyk.
O ator, que faz parte da trupe do
teatro Wspolczesny, de Varsóvia,
já interpretara no cinema outro
"herói nacional polonês", o compositor Fryderyk Franciszek (Frédéric François) Chopin.
Para Adamczyk, a experiência
foi "extraordinária", pois se tratou
de uma "grande produção". "A riqueza dos cenários e os recursos
com que podíamos contar, como
tanques ou cavalos, tornaram a filmagem um grande evento para
mim e para os poloneses", disse.
"Estou muito feliz com o fato de
esse filme ter sido rodado na Polônia, embora a produção seja italiana. A vida do papa é algo muito
importante para a história polonesa, e ficamos orgulhosos com a
possibilidade de fazer o filme aqui,
com a presença de vários atores
poloneses em seu elenco", acrescentou Adamczyk.
"Trata-se de uma obra de ficção
baseada em sua vida, não de um
documentário. Ela mostra uma
parte crucial da história da Polônia que não pudemos aprender
durante o comunismo, pois muitos fatos eram distorcidos para
que não nos levantássemos contra
o jugo soviético. O filme também
tem, portanto, um valor histórico
inestimável", avaliou.
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