São Paulo, sábado, 25 de dezembro de 2004

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A CAMINHO DO VATICANO

Italiano faz filme sobre Karol Wojtyla antes de ser papa

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

O diretor italiano Giacomo Battiato terminou de rodar em setembro último o filme "A História de Karol", baseado no livro homônimo do vaticanista Gianfranco Svidercoschi, sobre a vida do papa João Paulo 2º dos anos 30, em Wadowice, na Polônia, quando o pequeno Karol Wojtyla tinha dez anos, até o dia 16 de outubro de 1978, quando se tornou papa.
Durante as filmagens, o diretor e o ator polonês Piotr Adamczyk, 32, que interpreta João Paulo 2º, tiveram a oportunidade de encontrar o papa no Vaticano.
"Quando soube que ia conversar com ele, um herói nacional polonês, fiquei muito feliz. Queria fazer diversas perguntas, mas fiquei tão emocionado que não pude dizer nada, o que já ocorrera antes", admitiu Adamczyk à Folha.
João Paulo 2º, por sua vez, mostrou humor e humildade durante o encontro. "Vocês estão loucos! Fazer um filme sobre minha vida... O que fiz de tão importante?", perguntou o papa a seus convidados, segundo Pietro Valsecchi, produtor da obra, que terá dois episódios de cem minutos.
Esta, que será veiculada pela rede de TV italiana Canale 5, em abril, antes de ser distribuída para outros países, teve orçamento de 10 milhões, 70% financiados pelo grupo Mediaset, que pertence ao megaempresário e premiê da Itália, Silvio Berlusconi.
Além de Adamczyk, o longa contará com atuações do diretor britânico Ken Loach, autor dos premiados "Terra e Liberdade" (1995) e "Pão e Rosas" (2000), da atriz italiana Claudia Pandolfi e do ator búlgaro Hristo Shopov, que interpretou Pilatos em "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson. A trilha sonora foi composta pelo consagrado Ennio Morricone.
Para o ator polonês, interpretar João Paulo 2º, "um gênio", constituiu uma tarefa complexa, todavia as instruções do diretor foram essenciais. "Busquei seguir o que o fantástico Giacomo Battiato me dizia, além de tentar passar aos expectadores a dimensão do caráter do papa. Mas não tentei copiá-lo fielmente", explicou Adamczyk.
O ator, que faz parte da trupe do teatro Wspolczesny, de Varsóvia, já interpretara no cinema outro "herói nacional polonês", o compositor Fryderyk Franciszek (Frédéric François) Chopin.
Para Adamczyk, a experiência foi "extraordinária", pois se tratou de uma "grande produção". "A riqueza dos cenários e os recursos com que podíamos contar, como tanques ou cavalos, tornaram a filmagem um grande evento para mim e para os poloneses", disse.
"Estou muito feliz com o fato de esse filme ter sido rodado na Polônia, embora a produção seja italiana. A vida do papa é algo muito importante para a história polonesa, e ficamos orgulhosos com a possibilidade de fazer o filme aqui, com a presença de vários atores poloneses em seu elenco", acrescentou Adamczyk.
"Trata-se de uma obra de ficção baseada em sua vida, não de um documentário. Ela mostra uma parte crucial da história da Polônia que não pudemos aprender durante o comunismo, pois muitos fatos eram distorcidos para que não nos levantássemos contra o jugo soviético. O filme também tem, portanto, um valor histórico inestimável", avaliou.


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