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AMÉRICA CENTRAL
Entre as vítimas estão seis crianças; grupo afirma que é contra a pena de morte, que não existe no país
Gangue de Honduras mata 28 em ônibus
DA ASSOCIATED PRESS
Integrantes de um grupo que se
diz revolucionário e contra a pena
de morte dispararam no fim da
noite de anteontem contra um
ônibus no norte de Honduras,
matando ao menos 28 pessoas,
incluindo seis crianças. Foi o mais
recente episódio de uma luta entre o governo e gangues locais.
A ação ocorreu em San Pedro
Sula, a 200 km ao norte de Tegucigalpa, capital hondurenha.
A pena de morte foi abolida em
Honduras em 1950. Mas Lobo Sosa, um dos pré-candidatos favoritos do partido governista para
disputar a Presidência da República em 2005, defende a reinstituição desse tipo de punição.
Os assassinos deixaram um papel grudado no pára-brisas do
ônibus com mensagem dizendo
que eles são um grupo revolucionário que se opõe à pena de morte. A mensagem, segundo a polícia, continha "palavras vulgares"
contra o presidente, Ricardo Maduro, o presidente do Congresso,
Porfirio Lobo Sosa, e o ministro
da Segurança, Oscar Alvarez.
Na nota, os assassinos dizem
que as pessoas devem aproveitar
este Natal, porque o próximo, segundo eles, será pior.
O ataque ocorre apenas dois
dias depois de Alvarez anunciar
que as autoridades descobriram
um plano de traficantes de droga
e criminosos locais para assassinar o presidente e a família dele,
além do próprio ministro.
Maduro anunciou nesta semana que havia incrementado a segurança dele e da família. Ontem
ele visitou os feridos no ataque em
um hospital e afirmou que o governo intensificará as ações contra essas gangues.
"Meu governo não tolerará
mais esse tipo de massacre, cujo
objetivo é ameaçar e deixar as
pessoas com medo. Nós reagiremos com força", disse.
O ônibus seguia em uma área
densamente povoada da cidade
quando um carro que levava um
número indeterminado de pessoas armadas o fechou, forçando
o veículo a parar. Os assassinos
saltaram do carro e começaram a
disparar ao mesmo tempo que
outros criminosos, em outro carro, atiravam contra a parte traseira do ônibus.
A polícia afirma que mais de 50
pessoas estavam no ônibus, a
maioria delas mulheres e crianças. Muitos voltavam para casa
com sacolas cheias de presentes
de Natal e comida para a ceia.
Dezesseis vítimas foram mortas
ainda dentro do ônibus; outras 12
que foram levadas ao hospital
também morreram. O motorista
do ônibus, Guillermo Salgado, e o
cobrador, Victor Ramirez, estão
entre os mortos.
As gangues hondurenhas dizem
que têm mais de 100 mil membros
(Honduras tem 6,8 milhões de habitantes) e que controlam bairros
pobres das principais cidades do
país, onde são conhecidos por extorquir dinheiro de moradores
em troca de proteção, além de cometer outros tipos de crime.
Maduro implementou uma
campanha de tolerância zero contra as atividades das gangues. O
Congresso aprovou uma lei em
agosto de 2003 que prevê penas de
mais de 12 anos para os integrantes desses grupos. As gangues respondem com ataques violentos,
incluindo decapitação e corte de
membros de vítimas, cujos corpos são colocados em locais públicos, acompanhados de notas
de ameaça ao presidente.
"O que ocorreu foi um ataque
covarde e bárbaro como vimos
poucas vezes na história de Honduras", disse o presidente em rede
nacional de rádio e TV. "Foi um
ataque contra Honduras."
A maior parte do comando dessas gangues foi incubada nas ruas
de Los Angeles nos anos 80 e se espalhou para Honduras e outros
países centro-americanos quando
os integrantes desses grupos foram deportados.
O presidente disse que o governo oferece US$ 50 mil por informações que levem à captura de
integrantes dessas gangues.
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