São Paulo, sábado, 25 de dezembro de 2004

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AMÉRICA CENTRAL

Entre as vítimas estão seis crianças; grupo afirma que é contra a pena de morte, que não existe no país

Gangue de Honduras mata 28 em ônibus

DA ASSOCIATED PRESS

Integrantes de um grupo que se diz revolucionário e contra a pena de morte dispararam no fim da noite de anteontem contra um ônibus no norte de Honduras, matando ao menos 28 pessoas, incluindo seis crianças. Foi o mais recente episódio de uma luta entre o governo e gangues locais.
A ação ocorreu em San Pedro Sula, a 200 km ao norte de Tegucigalpa, capital hondurenha.
A pena de morte foi abolida em Honduras em 1950. Mas Lobo Sosa, um dos pré-candidatos favoritos do partido governista para disputar a Presidência da República em 2005, defende a reinstituição desse tipo de punição.
Os assassinos deixaram um papel grudado no pára-brisas do ônibus com mensagem dizendo que eles são um grupo revolucionário que se opõe à pena de morte. A mensagem, segundo a polícia, continha "palavras vulgares" contra o presidente, Ricardo Maduro, o presidente do Congresso, Porfirio Lobo Sosa, e o ministro da Segurança, Oscar Alvarez.
Na nota, os assassinos dizem que as pessoas devem aproveitar este Natal, porque o próximo, segundo eles, será pior.
O ataque ocorre apenas dois dias depois de Alvarez anunciar que as autoridades descobriram um plano de traficantes de droga e criminosos locais para assassinar o presidente e a família dele, além do próprio ministro.
Maduro anunciou nesta semana que havia incrementado a segurança dele e da família. Ontem ele visitou os feridos no ataque em um hospital e afirmou que o governo intensificará as ações contra essas gangues.
"Meu governo não tolerará mais esse tipo de massacre, cujo objetivo é ameaçar e deixar as pessoas com medo. Nós reagiremos com força", disse.
O ônibus seguia em uma área densamente povoada da cidade quando um carro que levava um número indeterminado de pessoas armadas o fechou, forçando o veículo a parar. Os assassinos saltaram do carro e começaram a disparar ao mesmo tempo que outros criminosos, em outro carro, atiravam contra a parte traseira do ônibus.
A polícia afirma que mais de 50 pessoas estavam no ônibus, a maioria delas mulheres e crianças. Muitos voltavam para casa com sacolas cheias de presentes de Natal e comida para a ceia.
Dezesseis vítimas foram mortas ainda dentro do ônibus; outras 12 que foram levadas ao hospital também morreram. O motorista do ônibus, Guillermo Salgado, e o cobrador, Victor Ramirez, estão entre os mortos.
As gangues hondurenhas dizem que têm mais de 100 mil membros (Honduras tem 6,8 milhões de habitantes) e que controlam bairros pobres das principais cidades do país, onde são conhecidos por extorquir dinheiro de moradores em troca de proteção, além de cometer outros tipos de crime.
Maduro implementou uma campanha de tolerância zero contra as atividades das gangues. O Congresso aprovou uma lei em agosto de 2003 que prevê penas de mais de 12 anos para os integrantes desses grupos. As gangues respondem com ataques violentos, incluindo decapitação e corte de membros de vítimas, cujos corpos são colocados em locais públicos, acompanhados de notas de ameaça ao presidente.
"O que ocorreu foi um ataque covarde e bárbaro como vimos poucas vezes na história de Honduras", disse o presidente em rede nacional de rádio e TV. "Foi um ataque contra Honduras."
A maior parte do comando dessas gangues foi incubada nas ruas de Los Angeles nos anos 80 e se espalhou para Honduras e outros países centro-americanos quando os integrantes desses grupos foram deportados.
O presidente disse que o governo oferece US$ 50 mil por informações que levem à captura de integrantes dessas gangues.


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