DA REDAÇÃO

Milhares de pessoas iniciaram ontem à tarde em Caracas um protesto contra o presidente Hugo Chávez previsto para durar 24 horas, até a tarde de hoje. O principal alvo do protesto foi a ordem da Suprema Corte, na quarta-feira, que suspendeu o referendo sobre o governo de Chávez pedido para o dia 2 de fevereiro pela oposição.
A manifestação opositora é a mais ambiciosa desde o dia 2 de dezembro, quando começou a greve geral que tenta forçar Chávez a renunciar ou convocar eleições antecipadas. É também uma resposta a uma grande manifestação chavista realizada na quinta-feira, em Caracas, com centenas de milhares de simpatizantes do presidente.
Jesús Torrealba, porta-voz da Coordenação Democrática (grupo de partidos e organizações da oposição), recomendou aos manifestantes que levassem "barracas, cobertores, aparelhos de rádio e televisão, velas" e outros utensílios para ajudar a passar a noite na rua protestando contra Chávez.
Cerca de 1.800 seguranças faziam ontem a proteção da marcha opositora, segundo seus líderes. O forte esquema de segurança pretendia evitar atos de violência. A marcha pró-Chávez, na quinta-feira, terminou com um morto e 12 feridos após a explosão de uma bomba caseira. Outras manifestações já tiveram troca de tiros e mortes, aumentando ainda mais a tensão no dividido país.

Votação simbólica
Apesar da decisão judicial de suspender o referendo, alguns líderes da oposição afirmam que estão dispostos a realizar uma votação simbólica no dia 2, "como um ato de protesto". O vice-presidente venezuelano, José Vicente Rangel, disse que o governo não vai agir para impedir a votação simbólica se a oposição levá-la adiante.
A oposição agora afirma que irá coletar assinaturas a favor de uma emenda constitucional que antecipe a realização das eleições ou mesmo a favor de uma nova Assembléia Constituinte, que poderia determinar o final do mandato de Chávez.