São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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Conferência já é parte de "plano Lula", diz Amorim

DO ENVIADO A MONTRÉAL

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que a reunião realizada ontem por cerca de 20 países e entidades multilaterais no Canadá em benefício do Haiti já era parte do "plano Lula" que ele havia mencionado no sábado durante visita à capital do país, Porto Príncipe.
"Na realidade, isso que está ocorrendo aqui já faz parte do "plano Lula", porque o primeiro a falar em uma conferência de doadores, quando os outros ainda estavam incertos, foi o presidente Lula, em conversa com o presidente Obama", afirmou o chanceler, imodesto, durante encontro com jornalistas em Montréal.
No sábado, em Porto Príncipe, indagado sobre a proposta do FMI de fazer para o Haiti um novo plano Marshall, principal esforço de reconstrução de países europeus destruídos na Segunda Guerra comandado pelos EUA, Amorim oferecera no lugar um "plano Lula": "Não é só quem dá mais dinheiro, é quem está mais empenhado".
Ontem, o brasileiro disse que passaria adiante a seus colegas os pontos mais importantes do plano do presidente: "Primazia do governo haitiano, fortalecimento do governo haitiano, coordenação das Nações Unidas, ênfase na emergência aos poucos passando também para a reconstrução e em alguns casos até construção de estruturas para o Haiti".
No fim da conversa, Amorim relativizou: "Eu falei [de "plano Lula" no Haiti] para as pessoas perderem a mania de ficar falando "plano Marshall'".
Falando sobre o aumento de tropas brasileiras na Minustah, a força de paz da ONU, que passará de 1.300 para 2.600, Amorim fez um crítica indireta aos EUA, hoje com 20 mil homens no Haiti. "Uma da razões pela qual a Minustah é muito respeitada é porque ela restabeleceu a ordem mas não tem uma presença ostensiva, que pareça uma força de ocupação."
Amorim confirmou também que o Brasil prometeu dobrar a ajuda inicial ao Haiti, de US$ 15 milhões, mas que o total empenhado direta ou indiretamente nas ações brasileiras de auxílio ao Haiti já chega a US$ 230 milhões -ou R$ 350 milhões, ou cerca de 5% do PIB haitiano.
O brasileiro foi reticente quanto a outro pedido que ganha força nos últimos dias, de países abrirem as portas a uma nova diáspora haitiana como maneira de aumentar a quantidade de imigrantes que enviam dinheiro do exterior.
"Um dos riscos é que a população jovem, que pode ajudar a reconstruir o país, também emigre", disse, depois de lembrar que o Brasil tem tido posição aberta na questão. "Aí, não será bom, você terá fuga de braços e cérebros". (SD)


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