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Conferência já é parte de "plano Lula", diz Amorim
DO ENVIADO A MONTRÉAL
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que a reunião realizada ontem por cerca de 20 países
e entidades multilaterais no
Canadá em benefício do Haiti
já era parte do "plano Lula" que
ele havia mencionado no sábado durante visita à capital do
país, Porto Príncipe.
"Na realidade, isso que está
ocorrendo aqui já faz parte do
"plano Lula", porque o primeiro
a falar em uma conferência de
doadores, quando os outros
ainda estavam incertos, foi o
presidente Lula, em conversa
com o presidente Obama", afirmou o chanceler, imodesto, durante encontro com jornalistas
em Montréal.
No sábado, em Porto Príncipe, indagado sobre a proposta
do FMI de fazer para o Haiti
um novo plano Marshall, principal esforço de reconstrução
de países europeus destruídos
na Segunda Guerra comandado
pelos EUA, Amorim oferecera
no lugar um "plano Lula": "Não
é só quem dá mais dinheiro, é
quem está mais empenhado".
Ontem, o brasileiro disse que
passaria adiante a seus colegas
os pontos mais importantes do
plano do presidente: "Primazia
do governo haitiano, fortalecimento do governo haitiano,
coordenação das Nações Unidas, ênfase na emergência aos
poucos passando também para
a reconstrução e em alguns casos até construção de estruturas para o Haiti".
No fim da conversa, Amorim
relativizou: "Eu falei [de "plano
Lula" no Haiti] para as pessoas
perderem a mania de ficar falando "plano Marshall'".
Falando sobre o aumento de
tropas brasileiras na Minustah,
a força de paz da ONU, que passará de 1.300 para 2.600, Amorim fez um crítica indireta aos
EUA, hoje com 20 mil homens
no Haiti. "Uma da razões pela
qual a Minustah é muito respeitada é porque ela restabeleceu a ordem mas não tem uma
presença ostensiva, que pareça
uma força de ocupação."
Amorim confirmou também
que o Brasil prometeu dobrar a
ajuda inicial ao Haiti, de US$ 15
milhões, mas que o total empenhado direta ou indiretamente
nas ações brasileiras de auxílio
ao Haiti já chega a US$ 230 milhões -ou R$ 350 milhões, ou
cerca de 5% do PIB haitiano.
O brasileiro foi reticente
quanto a outro pedido que ganha força nos últimos dias, de
países abrirem as portas a uma
nova diáspora haitiana como
maneira de aumentar a quantidade de imigrantes que enviam
dinheiro do exterior.
"Um dos riscos é que a população jovem, que pode ajudar a
reconstruir o país, também
emigre", disse, depois de lembrar que o Brasil tem tido posição aberta na questão. "Aí, não
será bom, você terá fuga de braços e cérebros".
(SD)
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