São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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Polícia reprime ato estudantil em Caracas

Universitários protestavam contra suspensão de canal de TV a cabo crítico de Chávez; houve também marcha pró-governo

Órgão oficial diz que RCTV e outros 5 canais ignoraram regulamento; EUA, França, SIP e OEA criticam medida; Dilma evita atacar decisão


DA REDAÇÃO

A suspensão da transmissão do sinal da TV a cabo venezuelana RCTV, crítica do governo Hugo Chávez, mobilizou estudantes universitários, que foram às ruas de Caracas ontem em passeatas contra e a favor da decisão.
A marcha pró-TV foi reprimida pela polícia com gás lacrimogêneo e balas de borracha quando tentava chegar à sede da Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações). Ao menos cinco estudantes tiveram ferimentos leves.
Também ouve manifestações de estudantes universitários contra o governo em ao menos três outras cidades.
O sinal da RCTV, que segue fora do ar, foi removido no sábado -bem como os de outros cinco canais-, por suposto descumprimento de novas regras da Conatel, que obriga as TVs por assinatura consideradas nacionais a retransmitir programas oficiais sempre que solicitadas pelas autoridades.
No sábado, as TVs punidas com a suspensão não transmitiram um discurso de Chávez. Os outros canais afetados foram American Network, América TV, Momentum, Ritmo Son e TV Chile.
De acordo com regras estabelecidas neste ano, são considerados canais a cabo nacionais aqueles cuja programação contenha mais de 70% de conteúdo produzido na Venezuela. A RCTV diz que não se encaixa no critério e entrou na Justiça contra o governo.
A TV crítica do governo migrou para o cabo após não ter sua concessão renovada para transmissão na rede aberta em 2007. Chávez citou o apoio do canal ao golpe frustrado contra ele, em 2002, como justificativa para a medida.
À época do fechamento, os estudantes também protestaram a favor do canal por semana, numa das mobilizações recentes mais expressivas contra o governo Chávez.

SIP, EUA, OEA e Dilma
Ontem, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Philip Crowley, voltou a criticar a suspensão dos canais, o que também foi feito pela SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) e pelo governo francês. A ONG Repórteres sem Fronteiras afirmou que a suspensão mostra que Caracas é "alérgica a vozes dissidentes".
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, lamentou a situação e pediu que Chávez permita que os representantes do Conselho de Direitos Humanos da organização visitem o país.
Já a pré-candidata do PT à Presidência, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), evitou criticar Caracas. "Não cabe a mim criticar ou não. Se ele [Chávez] faz isso, é em função da problemática dele. O governo Lula jamais pensou em controlar a mídia", disse à rádio Tupi do Rio.

Com agências internacionais



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