São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

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Egito se revolta contra ditador Mubarak

Inspirados por levante que derrubou regime tunisiano, egípcios tomam as ruas; protestos deixam 3 mortos

Manifestações foram convocadas em parte por Facebook e Twitter; regime aliado dos EUA está no poder há 30 anos

Khaled El Fiqri/Efe
Em pleno feriado para homenagear forças policiais, moradores do Cairo desafiaram proibição de manifestar imposta por regime de Mubarak em 1981

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Multidões inspiradas pela revolução em andamento na Tunísia tomaram ontem as ruas das principais cidades do Egito para exigir a saída do ditador Hosni Mubarak, numa onda de protestos que deixou três mortos.
As manifestações, qualificadas por testemunhas locais como as maiores desde que Mubarak assumiu o poder, há 30 anos, ocorrem após uma onda de autoimolações semelhantes à que desencadeou o levante contra o ditador tunisiano Zine El Abidine Ben Ali.
Ben Ali, cujo regime secular era tido como um dos mais estáveis da região, foi varrido do poder no último dia 14 por protestos que inspiraram populações de muitos países árabes, quase todos governados por regimes repressores e incompetentes apoiados pelo Ocidente.
Atendendo a uma convocação feita em grande parte por mídias sociais, como Facebook e Twitter, dezenas de milhares de egípcios desafiaram a proibição de se manifestar imposta por Mubarak desde que chegou ao poder.
Segundo a TV Al Jazeera, do Catar, 30 mil pessoas atenderam aos protestos na capital, Cairo, e em Suez, a leste, apesar de o governo ter cortado a rede de celulares e bloqueado o Twitter.
"Abaixo Hosni Mubarak", gritaram os manifestantes em frente a um complexo judicial no centro do Cairo, que ficou cercado por policiais.
Também houve gritos de "Gamal, avise ao seu pai que os egípcios o odeiam", numa referência ao filho de Mubarak, que está sendo preparado para suceder o pai, doente e com 82 anos de idade.
Os protestos começaram de forma pacífica, mas a situação degenerou depois que policiais utilizaram canhões de água, gás lacrimogêneo e golpes de cassetete.
Manifestantes revidaram jogando pedras e garrafas nos policiais e até mesmo invadindo veículos usados pelas forças de segurança.
No Cairo, um policial morreu após ser atingido por uma pedrada na cabeça. Em Suez um manifestante que tinha problemas respiratórios morreu após inalar gás lacrimogêneo e outro em circunstâncias não esclarecidas.
Informações sobre as mortes foram transmitidas a agências de notícias por fontes policiais que não quiseram se identificar.
Há relatos de policiais que abandonaram a missão de conter os protestos e se juntaram aos manifestantes.
Os fatos tiveram mais força simbólica porque ocorreram durante um feriado nacional que homenageia as forças de segurança, temidas e onipresentes na vida do país.
O pano de fundo para os protestos egípcios é o mesmo que na Tunísia: repressão, desemprego, pobreza crescente e corrupção endêmica.
Num sinal de apoio implícito a Mubarak, os EUA disseram que o governo egípcio é "estável" e "tenta responder às necessidades do povo egípcio".


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