São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2011 |
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Líbano vive "dia de fúria" contra Hizbollah Manifestantes leais ao ex-premiê pró-Ocidente Hariri protestam contra novo governo DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS Centenas de pessoas queimaram pneus e bloquearam ruas ontem em várias cidades do Líbano em protesto contra as manobras políticas que permitiram ao grupo xiita Hizbollah nomear o futuro premiê do país, o deputado e empresário Najib Mikati. O "dia de fúria" convocado por partidários do ex-premiê Saad Hariri, um sunita pró-Ocidente cuja coalizão de governo ruiu há duas semanas, aumenta a tensão no país dilacerado entre facções etnico-confessionais e palco de disputas geopolíticas. Os maiores protestos ocorreram em Trípoli (norte), cidade que Mikati representa no Parlamento. Manifestantes gritaram "o sangue sunita está fervendo" e o "Hizbollah é o partido do diabo". Hariri pediu a simpatizantes que evitem atos de violência, mas acusou o Hizbollah, um misto de partido político e milícia, de ter cometido um "golpe de estado" em favor dos aliados Irã e Síria. A atual crise começou no último dia 12, quando o Hizbollah e aliados anunciaram a saída do governo, jogando por terra o gabinete de unidade formado havia 14 meses. A decisão foi causada pela resistência de Hariri em desautorizar o tribunal da ONU que deve indiciar integrantes do Hizbollah por atentado que matou, em fevereiro de 2005, o seu pai, o ex-premiê pró-Ocidente Rafik Hariri. O Hizbollah, que nega autoria do ataque, diz que o tribunal instalado em 2007 é um "projeto israelense" e acusou Hariri de ceder a pressões ocidentais. Especula-se que uma das primeiras medidas do novo governo libanês, costurado pelo Hizbollah após dias de negociações, seja o rompimento com o tribunal. Apesar de as manobras do Hizbollah terem terem permitido obter maioria de 65 das 128 cadeiras do Parlamento, o grupo xiita vem dando sinais de conciliação. Um deles é a escolha do Mikati como premiê. Mikati, sunita, é um político tido como discreto e que circula entre várias facções. O novo premiê, que ocupou brevemente o cargo em 2005 e é um dos homens mais ricos do Líbano, destacou ontem que não está ligado ao Hizbollah e insistiu em que sua mão está "estendida a todos [os libaneses]" para proteger a unidade do país. Em outro aceno, o Hizbollah convidou Hariri a compor um governo de união nacional, mas o ex-premiê rejeitou a oferta. EUA CONTRARIADOS A saída de Hariri do governo preocupa os EUA, que consideram o Hizbollah uma organização terrorista e ontem ameaçaram cortar a ajuda financeira e militar ao Líbano. A secretária de Estado Hillary Clinton afirmou que a composição do novo gabinete -cujas pastas ainda não foram distribuídas- terá um "impacto claro" sobre as relações bilaterais. Texto Anterior: Análise: Protestos egípcios tiveram um novo tipo de organização Próximo Texto: Obama propõe congelar gastos por 5 anos Índice | Comunicar Erros |
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