São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2001

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ORIENTE MÉDIO

Secretário de Estado dos EUA reconhece que palestinos e israelenses estão longe de retomar o diálogo de paz

"Volta às negociações demorará", diz Powell

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

"Será preciso muito tempo antes que as negociações de paz (entre palestinos e israelenses) sejam retomadas", afirmou o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, que faz a sua primeira visita ao Oriente Médio desde que assumiu o cargo.
O premiê eleito de Israel, por sua vez, disse que só voltará a negociar a paz quando o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, tomar medidas para conter a onda de violência que atinge a região há quase cinco meses. "Israel não negociará sob a pressão do terror e da violência", afirmou.
Ontem, num espaço de poucas horas, Powell manteve encontros com Sharon, em Jerusalém, com Arafat, em Ramallah, e com o rei da Jordânia, Abdullah, em Amã, a capital jordaniana. Depois seguiu para o Kuait, onde participou das comemorações pelos dez anos do fim da Guerra do Golfo.
"O desafio é como recomeçar as negociações. É uma questão de quem porá as chaves nas portas e recomeçará a abrir as fechaduras", disse Powell, antes de sair de Jerusalém em direção a Amã.
Durante o encontro com Arafat, cerca de 2.500 manifestantes palestinos saíram às ruas de Ramallah exigindo que o visitante norte-americano fosse para casa e afirmando que "o povo palestino vai continuar a luta".
O presidente da ANP afirmou que Israel deveria reduzir o bloqueio econômico que faz contra as áreas palestinas da Cisjordânia e da faixa de Gaza, para que as negociações de paz sejam retomadas o mais rápido possível.
Em Amã, o rei Abdullah corroborou a posição de Arafat e disse que o fim do bloqueio econômico israelense deveria ser "a base da retomada dos acordos". Também houve protestos na capital jordaniana contra a presença do secretário de Estado norte-americano.
"Estamos cientes das dificuldades do povo palestino e estamos querendo tomar providências para ajudá-lo", afirmou Zalman Shoval, assessor direto de Sharon.
Dois colonos israelenses foram feridos a bala e um adolescente palestino foi morto em incidentes na Cisjordânia. O Exército israelense relatou mais 12 tiroteios em assentamentos da região, mas não confirmou se havia mais feridos.
O palestino morto tinha 17 anos e foi atingido por uma bala no estômago durante uma manifestação em que pedras e coquetéis molotov eram atirados contra soldados israelenses.
Pelo menos 332 palestinos, 13 árabes israelenses e 61 judeus foram mortos desde a eclosão da nova Intifada, em 28 de setembro. O levante popular começou após a visita de Sharon a um local disputado em Jerusalém Oriental.

Novo gabinete
Hoje termina o prazo que o premiê eleito deu aos trabalhistas para que decidissem sobre a participação no novo gabinete israelense a ser formado. Sharon, que é do Likud, partido de direita, derrotou Ehud Barak, do Partido Trabalhista e candidato à reeleição, nas eleições do último dia 6.
Barak já negou que aceitaria assumir o posto de ministro da Defesa num governo de coalizão nacional, mas ainda há intensas negociações entre os partidos para a formação do novo gabinete.
Uma das maiores discussões políticas entre os dois partidos é se o novo premiê estará obrigado ou não a respeitar os acordos assinados por seu antecessor.

Iraque
Com a presença de alguns dos líderes da coalizão que expulsou as tropas de ocupação iraquianas, foram iniciadas as comemorações do governo kuaitiano pelos dez anos do fim da Guerra do Golfo.
A ex-premiê britânica, Margaret Thatcher, o ex-presidente George Bush, pai do atual presidente dos EUA, George W. Bush, e o ex-presidente argentino Carlos Menem já estão em Al Kuait, a capital do país, para os festejos.
Na época da guerra, o atual secretário de Estado americano, hoje general reformado, estava na ativa -era chefe do Estado-Maior dos EUA. Chamado de "velho amigo" pelas autoridades kuaitianas, Powell tem defendido o recrudescimento das sanções internacionais contra o Iraque.
Ontem, o governo iraquiano pediu que o Conselho de Segurança da ONU retirasse todos as sanções contra o país.
"Cumprimos todas as resoluções das ONU, agora queremos o fim das sanções", afirmava um comunicado oficial. O ditador Saddam Hussein não fez aparições públicas.



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