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ESPIONAGEM
Medida acontece após prisão de ex-espião
Agentes do FBI passarão pelo
teste do detector de mentiras
JAVIER VALENZUELA
DO "EL PAÍS", EM WASHINGTON
O escândalo da descoberta de
que Robert Philip Hanssen, um
alto funcionário do FBI, foi espião
de Moscou durante 15 anos provocou uma primeira reação: o Comitê de Inteligência do Senado
norte-americano realiza na quinta-feira uma sessão para estudar
por que a traição demorou tanto a
ser descoberta e começar a avaliar
os danos. Hanssen entregou a
Moscou cerca de 6.000 páginas de
documentos confidenciais.
O Senado ordenará que todos
os agentes do FBI sejam submetidos ao detector de mentiras.
O penúltimo mistério do caso
Hanssen é como o FBI conseguiu
o dossiê sobre ele. A acusação
contra Hanssen está baseada em
mensagens que ele escreveu a
seus contatos russos em Washington. Um dos boatos, desmentido pelo FBI, assegura que o dossiê foi entregue por Serguéi Tretyakov, que em novembro desertou o posto de primeiro-secretário da Embaixada russa na ONU.
As mensagens revelam que
Hanssen era um traidor atípico,
diz o ex-diretor da CIA James
Woolsey. "Não parece que acreditasse no comunismo, nem que fez
por dinheiro. Sobressai o forte orgulho e a vontade de viver no fio
da navalha." Apesar de ter cobrado US$ 600 mil e de ter uma conta
na Rússia com outros US$ 800
mil, Hanssen, 56, casado e pai de
seis filhos, vivia modestamente.
Hanssen começou a se fascinar
pela vida esquizofrênica de agente
duplo depois de ler, aos 14 anos, o
livro de memórias do espião Kim
Philby, "Minha Guerra Silenciosa". O tour SpyDrive (US$ 35 por
pessoa), que mostra os passos de
Philby em Washington, agora inclui também os parques da Virgínia que Hanssen usava para se comunicar com os russos.
Hanssen era também gênio em
informática. Uma vez, segundo o
"USA Today", invadiu o micro do
encarregado máximo para assuntos russos no FBI e não foi punido
porque disse que queria mostrar a
vulnerabilidade do sistema.
O caso pode custar a Hanssen a
condenação à morte. Mas espionagem continua sendo uma necessidade. "Enquanto houver interesses nacionais, haverá espiões", disse Oleg Kalugin, ex-general da KGB (serviço secreto soviético). "Os EUA já não são para
a Rússia o inimigo número um;
agora são algo mais importante: a
prioridade número um".
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