São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004

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Presidente nega isolamento internacional

JUAN JESÚS AZNÁREZ
DO "EL PAÍS", EM PORTO PRÍNCIPE

"Falei com vários presidentes e com políticos dos EUA, que me transmitiram sua solidariedade", disse ontem o presidente do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, negando que estivesse isolado internacionalmente.
A entrevista foi concedida horas antes de a França, em um comunicado, dizer que era "hora de iniciar um novo capítulo na história do Haiti" e que cabia ao ex-sacerdote resolver o impasse no país, onde a oposição controla cinco dos nove Departamentos e exige sua renúncia. Leia a seguir seus principais trechos.
 

Pergunta - Metade do país está tomada pelos rebeldes...
Jean-Bertrand Aristide -
Em primeiro lugar, não são rebeldes. São terroristas e criminosos que matam, incendeiam e saqueiam propriedades públicas e privadas e depois vão embora. A população é pacífica e tem direitos que são violados por essas pessoas, que comerciam armas com o narcotráfico.

Pergunta - Como o sr. vai defender a capital?
Aristide -
Não posso revelar minha estratégia. Nossa polícia vai agir com a Constituição e a lei na mão, não como eles, que assassinam e violam os direitos humanos. Lanço um chamado à oposição para que abandone esses assassinos e aceite o plano proposto no sábado pela comunidade internacional.

Pergunta - Em outros pontos do país, a polícia parece não estar conseguindo conter as milícias. Vai contê-las na capital?
Aristide -
Se elas [as milícias] vierem para cá, veremos milhares de mortos. É por isso que exorto a comunidade internacional a tomar uma medida o mais rápido possível, para que se ampliem as verbas dos policiais estrangeiros que já se encontram no Haiti, para profissionalizar nossos policiais e para que possamos evitar um banho de sangue.

Pergunta - Quem pode estar financiando os setores que estão combatendo sua Presidência?
Aristide -
Há pessoas da oposição política vinculadas a esses criminosos, pois não é qualquer um que pode dispor do armamento que eles têm. Estão ligados ao narcotráfico.

Pergunta - O sr. acha que a comunidade internacional o está abandonando?
Aristide -
Não. Falei com vários presidentes e com políticos dos EUA, que me transmitiram solidariedade. Queremos passar da miséria à pobreza com a solidariedade do mundo.


Tradução de Clara Allain

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