Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presidente nega isolamento internacional
JUAN JESÚS AZNÁREZ
DO "EL PAÍS", EM PORTO PRÍNCIPE
"Falei com vários presidentes
e com políticos dos EUA, que
me transmitiram sua solidariedade", disse ontem o presidente do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, negando que estivesse isolado internacionalmente.
A entrevista foi concedida
horas antes de a França, em um
comunicado, dizer que era
"hora de iniciar um novo capítulo na história do Haiti" e que
cabia ao ex-sacerdote resolver
o impasse no país, onde a oposição controla cinco dos nove
Departamentos e exige sua renúncia. Leia a seguir seus principais trechos.
Pergunta - Metade do país está
tomada pelos rebeldes...
Jean-Bertrand Aristide - Em
primeiro lugar, não são rebeldes. São terroristas e criminosos que matam, incendeiam e
saqueiam propriedades públicas e privadas e depois vão embora. A população é pacífica e
tem direitos que são violados
por essas pessoas, que comerciam armas com o narcotráfico.
Pergunta - Como o sr. vai defender a capital?
Aristide - Não posso revelar
minha estratégia. Nossa polícia
vai agir com a Constituição e a
lei na mão, não como eles, que
assassinam e violam os direitos
humanos. Lanço um chamado
à oposição para que abandone
esses assassinos e aceite o plano
proposto no sábado pela comunidade internacional.
Pergunta - Em outros pontos
do país, a polícia parece não estar conseguindo conter as milícias. Vai contê-las na capital?
Aristide - Se elas [as milícias]
vierem para cá, veremos milhares de mortos. É por isso que
exorto a comunidade internacional a tomar uma medida o
mais rápido possível, para que
se ampliem as verbas dos policiais estrangeiros que já se encontram no Haiti, para profissionalizar nossos policiais e para que possamos evitar um banho de sangue.
Pergunta - Quem pode estar financiando os setores que estão
combatendo sua Presidência?
Aristide - Há pessoas da oposição política vinculadas a esses
criminosos, pois não é qualquer um que pode dispor do
armamento que eles têm. Estão
ligados ao narcotráfico.
Pergunta - O sr. acha que a comunidade internacional o está
abandonando?
Aristide - Não. Falei com vários presidentes e com políticos
dos EUA, que me transmitiram
solidariedade. Queremos passar da miséria à pobreza com a
solidariedade do mundo.
Tradução de Clara Allain
Texto Anterior: América Central: França culpa Aristide pelo caos e pressiona Próximo Texto: Mídia: "Post" altera normas para citar suas fontes Índice
|