|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Loja gourmet em Moscou atrai saudosistas com prateleiras de produtos soviéticos
DO ENVIADO A MOSCOU
As filas atravessando a gélida
praça Vermelha não existem
mais, mas o famoso centro comercial GUM resgatou parte de
seu passado soviético, agora em
versão novo-rico.
Aberta na semana passada, a
loja para gourmets Gastronom
Nº 1 está badalada com sua leitura "soviet chic" das antigas
pilhas de latas e vidros que conservavam basicamente qualquer produto durante os anos
da União Soviética.
A GUM (sigla russa para Loja
Universal Principal, antiga Estatal) era um dos únicos pontos
de Moscou em que, nos anos da
dureza soviética, não havia falta generalizada de produtos.
Daí as filas -que não se aplicam hoje, entre outros motivos,
porque a Rússia é um lugar cujo
salário médio mensal é de US$
940 (cerca de R$ 1.600). Mas
sobra mercado de luxo, até porque o país é o segundo no ranking mundial de bilionários.
Na Gastronom, que fica no
primeiro dos três elegantes pisos da GUM, é possível comprar uma lata de caviar Beluga
com 200 gramas a R$ 1.300.
Vodcas custam o triplo do mercado. "Vins de pays" franceses,
de qualidade discutível, não
saem por menos de R$ 140, e há
alguns por mais de R$ 5.000.
Mas nem tudo é inacessível.
Há prateleiras cheias de latas
com carne de porco, aves e gado, todas com o estilo retrô soviético. "Fiquei tão feliz quando vi os sucos que tomava na
casa da minha avó que fiquei
dando risada sozinha", conta a
analista de mercado financeiro
Masha Walsh. Um vidro com 3
litros de suco de amora selvagem sai por pouco menos que
R$ 9 -o dobro do que os vendidos em embalagens Tetra-Pak
nos "Produkti", as onipresentes lojas de mantimentos.
A GUM abrigou lojas de mantimentos soviéticas entre 1953
e o fim do país, em 1991. Foi privatizada e hoje ostenta dezenas
de grifes famosas. O prédio,
completado em 1893 para abrigar lojas de luxo servido aos nobres, é um espetáculo em si,
misturando arquitetura russa
antiga e técnicas de construção
de estações de trem vitorianas.
O culto retrô resiste no país,
apesar de o Partido Comunista
não passar dos 15% de intenções de voto em média.
Alguns bares adotam temática soviética, e há três meses foi
aberto um museu do fliperama,
onde é possível jogar em antigas máquinas adornadas com
heróis do comunismo em embates contra os malvados capitalistas -que, como se sabe e o
"soviet chic" da GUM prova, ganharam no final.
(IG)
Texto Anterior: Visando eleição, Putin dá a Medvedev missão popular na Sérvia Próximo Texto: Zapatero e Rajoy expõem duas Espanhas diferentes Índice
|