São Paulo, quinta, 26 de fevereiro de 1998

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EUA já gastaram US$ 600 mi no golfo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

A mobilização militar dos EUA contra o Iraque este ano já custou ao país US$ 600 milhões, e a conta vai crescer bastante, disse o subsecretário da Defesa, John Hamre.
Não há previsão de quando os EUA vão desativar o esquema montado para um eventual ataque militar ao Iraque, apesar do acordo assinado domingo entre o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, e o governo iraquiano.
O embaixador dos EUA junto à ONU, Bill Richardson, diz que seu país ainda precisa esclarecer alguns pontos do acordo antes de dar sua aprovação final a ele.
Além disso, o presidente Bill Clinton afirma que vai manter as forças de seu país no golfo Pérsico prontas para agir até estar convencido de que o Iraque vai cumprir a sua parte do acordo, que é dar acesso irrestrito às comissões de inspetores de armas da ONU a todos os locais a que desejem ir.
O líder da oposição no Senado, Trent Lott, atacou o acordo e a política do governo Clinton para o Iraque. Para ele, que o acordo tenta "comprar a paz a qualquer preço" e deixou o presidente iraquiano Saddam Hussein "em júbilo".
Discussão de papéis
O principal ponto do acordo ainda em discussão na ONU é se o comando político das atividades das missões inspetoras de armas no Iraque vai permanecer sob a responsabilidade dos técnicos que a compõem. Os EUA querem enfatizar que os diplomatas que passarão a acompanhá-las para dar maior garantia de imparcialidade ao Iraque serão só observadores.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, está escolhendo os diplomatas que vão integrar as missões inspetoras. O acordo de cessar-fogo da Guerra do Golfo em 1991 determinou que o Iraque teria de desmontar todas as suas armas químicas, biológicas e nucleares.
O governo iraquiano afirma já ter cumprido essa exigência. Mas a ONU precisa se certificar. Daí, as missões inspetoras. O Iraque vem reclamando que há norte-americanos e britânicos demais nas missões e que, por influência deles, o país permanece submetido a sanções econômicas que só podem ser suspensas quando a ONU afirmar que as armas foram destruídas.
Os EUA também querem que o Conselho de Segurança aprove, junto com o acordo de domingo, resolução para especificar que, se o Iraque não fizer a sua parte, uma ação militar será autorizada.
Os EUA querem, ainda, que a ONU "teste" o acordo rapidamente. Mas não especificaram em que pode consistir esse "teste".
A secretária de Estado, Madeleine Albright, defendeu o acordo dos ataques da oposição, apesar de admitir que ainda é preciso detalhar alguns de seus pontos.



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