São Paulo, domingo, 26 de março de 2000


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Visita divide moradores de Jerusalém

do enviado especial a Jerusalém

A visita do papa João Paulo 2º à Terra Santa, que se encerra amanhã, provocou reações de respeito e admiração em boa parte dos israelenses e dos palestinos, ainda que setores mais religiosos adotem uma postura mais crítica.
"Ele veio como um peregrino para rezar pela paz nesta região, entre as hordas vociferantes que extraem de sua presença e sua palavra o máximo de teor político. Felizmente, sua postura espiritual e seus sentimentos conseguiram sobressair-se, ainda que temporariamente, à aversão protelada e ao fedor dos vários princípios políticos desta área", diz a israelense Marie Therèse Feuerstein.
Para o escritor Yoram Bronowski, "os judeus devem sentir a necessidade de abaixar a cabeça ante as admiráveis qualidades humanas do líder cristão."
Mas nem todos elogiam a visita. A reprovação vem principalmente de religiosos. "O papa é responsável pelo assassinato de judeus e pelo sofrimento judaico", acredita o rabino Haim Miller.
"O que ele veio fazer aqui?", pergunta uma judia ultra-ortodoxa que se identifica apenas como Ariella. "Gastamos tanto dinheiro com preparativos. Para quê?"
Recente pesquisa do instituto Gallup mostrou que menos de 7% dos ultra-ortodoxos ficaram satisfeitos com a peregrinação, contra 60% dos judeus seculares.
A visita a um campo de refugiados e a reafirmação da postura do Vaticano de apoio à fundação de um Estado independente parecem ter conquistado a simpatia da maioria dos palestinos.
"A viagem do papa trouxe profundas consequências políticas e humanas para o povo palestino. O acordo com o Vaticano (de fevereiro) expressa claramente o apoio católico ao estabelecimento de um Estado, além de rejeitar a soberania israelense sobre Jerusalém e criticar a tentativa de mudar o caráter árabe, islâmico e cristão, da cidade sagrada", diz o palestino Hatem Adel Qader.
Já a crítica do imã Yussef Abu Sheineh contrasta com a acolhida que o papa teve em Belém. "A visita fortalece o estatuto dos cristãos à custa dos muçulmanos, enquanto Israel promove a judaização desta cidade", afirmou Sheineh, em sermão na mesquita de Al Aqsa. (PDF)


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