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ORIENTE MÉDIO
Em carta, grupo defende resistência pacífica contra Israel; família de menino-bomba critica terroristas
Intelectuais palestinos rejeitam vingança
DA REDAÇÃO
Um grupo de 60 intelectuais palestinos pediu ontem que não
houvesse vingança contra o assassinato do líder do Hamas, xeque
Ahmed Yassin, e que a Intifada
(levante contra Israel) fosse transformada em resistência pacífica.
Também ontem, a família do
menino-bomba palestino que foi
interceptado por Israel antes de
conseguir concluir uma missão
suicida criticou duramente os
grupos terroristas por recrutar
crianças para cometer atentados.
A condenação teve eco na sociedade palestina.
No Conselho de Segurança da
ONU, os EUA vetaram resolução
condenando Israel pela morte de
Yassin. Os americanos exigiam a
inclusão no texto de uma condenação aos atentados terroristas
cometidos pelo Hamas. O embaixador dos EUA, John Negroponte, lamentou que a resolução ficasse "em silêncio sobre o terrorismo". A Argélia, que apresentou
a resolução, e outros países não
concordaram. Dos 15 membros
do CS, 11 votaram a favor, os EUA,
contra, e três se abstiveram.
Na faixa de Gaza, o Exército de
Israel matou três palestinos que
tentavam se infiltrar no assentamento de Gush Katif para cometer um atentado. Horas antes, os
israelenses impediram que palestinos atacassem o assentamento
de Emmanuel, na Cisjordânia.
O Hamas divulgou um vídeo
ontem ameaçando retaliar Israel
pela morte de Yassin e colocando
o premiê israelense, Ariel Sharon,
como um possível alvo. O grupo
terrorista afirmou que a sua resposta será "um forte terremoto
que fará esses filhos de macacos e
de porcos sentirem a dor da morte". "Nós advertimos o porco Sharon de que sua fortaleza será esmagada e o amaldiçoaremos mil
vezes somente por pensar em assassinar nossos líderes."
Manifesto
O pacifista e acadêmico Sari
Nusseibeh, a legisladora Hanan
Ashrawi e Abbas Zaki, uma importante figura do Fatah (grupo
político de Iasser Arafat), estão
entre os signatários do grupo que
pediu uma resistência pacífica.
"Devemos responder a Sharon
mostrando o seu fracasso moral e
político, em vez de adotar os seus
métodos de revanche", disse Ashrawi. "A resistência não precisa
ser violenta", acrescentou.
Muitos palestinos duvidam que
esse tipo de manifesto, já realizado anteriormente, produza resultados. Porém grande parte dos
palestinos questiona a violência
contra Israel, que até agora trouxe
mais prejuízos do que benefícios.
Revoltada com o uso de seu filho para cometer um atentado
suicida -abortado por Israel-,
Tamam Abdo, a mãe, criticou os
grupos terroristas. "Está proibido
enviá-lo para lutar. Ele é jovem,
ele é pequeno e deveria estar na
escola. Alguém o pressionou a fazer isso. Se ele tivesse 18 anos, não
ficaria tão brava."
Hussam Abdo tem 16 anos, mas
apresentava problemas mentais.
Segundo um de seus irmãos, tem
inteligência de 12. Fisicamente
também parece mais jovem. Seu
pai, Mohammed, disse que o menino é ingênuo, com problemas
para se enturmar na escola e sem
ligação com terroristas.
Em entrevista ao diário israelense "Yediot Ahronot", Abdo
disse que, depois de anos com os
colegas pegando no seu pé por
sua baixa estatura, ele decidiu "ir
ao paraíso" sobre o qual havia
aprendido na escola.
"Um rio de mel, um rio de vinho
e 72 virgens. Desde que comecei a
estudar o Alcorão, sei sobre a vida
que me espera", disse o menino
ao jornal israelense. "Mas, quando os soldados me pararam, mudei de idéia. Não queria morrer."
Segundo o Ministério da Defesa
de Israel, 29 palestinos com menos de 18 anos já cometeram atentados suicidas contra israelenses
desde o início da Intifada, em
2000. Em Gaza, membros do Hamas encenaram uma peça retratando como foi a morte de Yassin.
Com agências internacionais
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